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Mach-E: não é “O Mustang”, mas é um baita Mustang

Os “puristas” que me perdoem. Mas o muscle car favorito de muitos deu vida a um quase SUV elétrico recheado de tecnologia e conforto. Eu digo que é um quase SUV porque a Ford o considera um crossover. Estou falando, claro, do Mustang Mach-E. Afinal, há claras referências ao icônico cupê esportivo.

Ao longo desse texto, vou explicar direitinho o meu título. E você está mais do que convidado a discordar. Entendo perfeitamente o pensamento do leitor mais tradicional, que se apegou ao ronco do motor a combustão 5.0 V8, tração traseira e sensação de “pilotar” um carro — e não dirigir. Por outro lado, te convido a refletir com números e uma boa dose de observação do mercado.

Contra fatos, não há argumentos

Em primeiro lugar, o crossover elétrico não deve NADA para o clássico mais velho movido a combustão em termos de desempenho. Vamos ver os números comparados entre o Mach-E e os irmãos Mach 1 (uma edição especial) e o recém-lançado GT de 7ª geração.

Mach-E Mach 1 GT 7ª Geração
Potência 487 cv 483 cv 488 cv
Torque 860 Nm 556 Nm 564 Nm
0 a 100 3,7s 4,3s 4,3s
Preço: R$ 486 R$ 576.490 R$ 529

Ou seja: além de mais potente, o Mach-E é mais barato.

Ford Mustang Mach 1
Imagem: Mustang Mach 1 / divulgação/Ford
Ford Mustang GT Performance
Imagem: Mustang GT Performance / divulgação / Ford

Rodando com o Mach-E

Recentemente, tive a oportunidade de andar no Mach-E por alguns dias. O vídeo, inclusive, será colocado nesta mesma matéria e em nosso YouTube em breve! Circulei com o elétrico por São Paulo e fui até Sorocaba, a cerca de 100 km da capital paulista.

Fiz o possível para ver a performance do veículo em diferentes condições. Só não joguei ele na lama (não esperem fazer trilhas com um Mustang, certo?).

Os modos de direção do Mach-E influenciam diretamente na experiência que você tem ao dirigir o veículo.

  • Whisper: traduzindo, “sussurro”. A Ford diz que esse modo é para condições adversas de condução, como piso escorregadio. Na prática, o acelerador perde um pouco da resposta e a suspensão é ajustada paras trazer mais conforto. Senti o Mach-E ficar mais econômico.
  • Engage: verbo que significa “envolver”. É a direção do dia a dia, segundo a Ford. É a versão mais equilibrada. Sem muita emoção, sem muita cautela.
  • Unbridle: ou seja, “sem freios” ou “desenfreado”. E esse modo faz muita justiça ao nome. A direção e a suspensão se voltam para performance e o acelerador fica muito (muito!!) sensível. Aqui, é o mais próximo que você chegará da sensação de pilotar um Mach 1 ou um GT Performance. Mas você ainda está dirigindo, e não pilotando. Aguarde as próximas linhas para entender.
  • Unbridle Extended: direção esportiva, mas poupando um pouco da energia. Diz a Ford: “o Mustang Mach-e tem a potência máxima levemente reduzida com respostas ao pedal do acelerador mais lineares”. Na prática, não senti taaanta diferença assim.
Ford Mustang Mach E
Imagem: Much-E / divulgação / Ford

Como ficou claro aqui, a suspensão MagneRide do Mach-E é adaptativa. Ou seja, ela não tem um comportamento fixo. Ela possui amortecedores que utilizam fluido viscoso eletromagnético e sensores que realizam até 1000 leituras por segundo para ajustar instantaneamente o comportamento da suspensão e oferecer respostas a cada situação de rodagem e seguindo modo de condução escolhido.

Para rodar na cidade, confesso que preferi o modo Whisper. Explico: é o mais confortável dos modos. Você não roda a 100 km/h nas ruas de São Paulo, eu espero. A minha maior preocupação é com o conforto. Eu não preciso ir de 0 a 100 em 3,7s em um farol.

Além disso, asfalto paulistano não é o suprassumo da qualidade. Há lombadas e valetas para tudo quanto é lado. Com o modo de condução mais confortável, o carro chacoalha menos. E mesmo nesse modo, para um carro do porte do Mustang Mach-E, senti a suspensão um pouco dura. Outros veículos do mesmo tamanho, na média, entregarão mais conforto. Mas, se esse é o preço a ser pago por um quase SUV que te entrega esse nível de performance, eu aceito. Por falar em performance, vamos lá!

Força, potência e frio na barriga

Eu subestimei um pouco os números da tabela que você viu alguns parágrafos para cima, confesso. Imaginei que pela posição de dirigir mais alta e pelo Mach-E ser uma grande bolha (chegaremos lá), a emoção ficaria um pouco de lado. Mas bastou uma acelerada na Rodovia Castelo Branco, em São Paulo, para descartar essa primeira hipótese.

Para quem não conhece, a Castelo Branco liga a capital paulista ao interior do Estado, na direção oeste. O asfalto é muito bom e o limite é de 120 km/h. Ainda não tive a oportunidade de pegar o Mach-E em uma pista de testes, mas uma simples retomada de velocidade já me mostrou o potencial do carro. Fiquei curioso e, em um segundo momento, fiz uma parada em um centro comercial da rodovia.

Na hora de voltar para a via, consegui pisar mais fundo (afinal, estava parado esperando o momento de entrar novamente na Castelo). Foi um zero a 100 improvisado – tudo sem infringir qualquer lei de trânsito e em segurança, claro. Frio na barriga, tronco colado no banco e uma sensação digna de esportivo!

E na hora de frear, é um “acho que vou parei”. O Mach-E é equipado com freios de alta performance Brembo. Na cidade, até demorei a me acostumar com a sensibilidade do pedal. Mas, o mais importante é que funciona muito bem, mesmo sendo um carro pesado de quase 2,3 toneladas.

Ford Mustang Mach E
Esse vermelho que você vê na parte interna da roda é o freio Brembo. E funciona muito bem! Imagem: divulgação/Ford

Sou muito aberto aos elétricos e peguei o Mach-E sem qualquer barreira por ser um Mustang diferentão. Mas também não esperava um desempenho esportivo nesse nível. A ressalva que faço é a do começo do texto. Em momento algum me senti pilotando o Mach-E. E ainda bem! Não sou piloto. Apesar de grande e potente, ele é um carro muito “na mão”. A Ford uniu muito bem o conforto à esportividade.

E é claro que isso pode desagradar quem busca um carro 100% confortável ou um carro 100% esportivo, porque ele não te entregará 100% das duas coisas. Como disse, a suspensão é mais dura que a média para esse porte. Apesar de alto, não é um SUV para você passar de qualquer jeito por buracos ou para viver grandes aventuras off-road. Ao mesmo tempo, não é um esportivo que você ficará pertinho do chão ou que demande atenção para não deixar a traseira escapar em curvas.

Mas um Mustang elétrico???!!!11??1!

Respondo na lata: o Mach-E faz muito mais sentido para uma cidade como São Paulo do que o Mach 1 ou o GT Performance. Não que esses outros dois modelos não possam rodar por aqui. Aliás, tecnologia não falta nos dois esportivos. Mas o Mach-E tem autonomia para você viver sua rotina sem se estressar com falta de bateria. A altura é suficiente para superar as barreiras urbanas que essa capital oferece. E ele tem 5 lugares de verdade (pessoas adultas não cabem no banco de trás do coupé). Ou seja, ele tem uma maleabilidade que um potencial comprador de Mustang poderia querer, mas não encontraria nas outras versões.

E agora, finalizo essa análise com uma reflexão voltada para você, leitor purista: existe uma lógica mercadológica. A família Mustang, como submarca da Ford, precisa se renovar. Ao mesmo tempo em que lança um GT Performance recheado de tecnologia, com o DNA clássico, motor a combustão e visual muito esportivo, a Ford fez muito bem ao olhar para frente. E não dá para fugir: o futuro, talvez, não seja só elétrico. Mas com certeza será muito elétrico.

Inclusive, estivemos na pista da Ford no interior de São Paulo para conhecer o GT Performance. Vale a pena conferir o vídeo.

Autonomia

A bateria é de 91 KWh. A autonomia do Mach-E é de 379 km no padrão do Inmetro. Essa é a medição mais conservadora possível. A mais otimista é do ciclo WLTP, convenção global de testes de carros elétricos. Neste caso, o número é de 541 km.

Para chegar a Sorocaba, por exemplo, percorri 96.7 km. No indicador de autonomia, o veículo indicou que perdemos 79 km. Ou seja, ele rendeu mais do que a previsão inicial. Ao todo, rodei cerca de 300 km e o painel indicava que o Mach-E faria mais 120 km quando devolvi o veículo.

Ou seja, pela minha experiência, a autonomia é maior que a do Inmetro e menor que a da WLTP.

Acabamento e conforto

Tanto acabamento, quanto conforto, são premium. Nada além do esperado para um veículo de quase meio milhão de reais. O banco te abraça e tem ajuste elétrico. No banco de trás, eu fiquei bem confortável (tenho 1,85m). Se o motorista não for tão espaçoso quanto eu, sobrará espaço.

O acabamento na parte de trás segue o mesmo padrão da parte da frente, e isso é ótimo.

Quando vi o teto solar panorâmico, confesso que torci o nariz. Achei que passaria calor ou que entraria claridade. Mas ele é suficientemente escuro para manter a luminosidade agradável. Além disso, conta com um revestimento termo-refletivo, que não deixa o carro abafado.

Única ressalva: faltou uma luzinha no porta-luvas, Ford!

Ford Mustang Mach E
Imagem: divulgação/Ford
For
Imagem: divulgação/Ford

Multimídia e áudio

Sabe aquele seu tio rico que tem uma sala incrível? Com uma TV imensa e um áudio de cinema? É a mesma energia.

O áudio é feito pela Bang & Olufsen e forma uma espécie de home theater no painel do Mustang. O sistema é realmente muito bom e, somado ao isolamento acústico impecável, esperado para um carro desse nível, o Mach-E nos blinda das vias mais barulhentas dessa metrópole.

Como disse, o sistema de áudio está em todo o painel do veículo! Imagem: Olhar Digital

A tela multimídia é vertical, lembra um tablet e tem 15,5 polegadas. Sim, ela é imensa. Ela é grande o suficiente para você dividir em 3: deixei o GPS na parte de cima, o Spotify na parte do meio e o ajuste do ar-condicionado na parte de baixo.

Outro ponto positivo: ela tem um botão central que serve para diferentes funções. Se você clicar no Spotify ou no rádio, é um botão de volume. Se você clicar no ar-condicionado, vira o controle do ar. Além disso, apesar da tecnologia embarcada, é uma central muito fácil de mexer. Não tem nem muito o que explicar: é sentar no carro e fuçar. Você vai achar o que quer.

O painel de instrumentos digital tem 10,2 polegadas e não serve exatamente como um computador de bordo, ele é bem minimalista. Mostra autonomia, velocidade e algumas informações básicas, como uma projeção simplificada do GPS. O computador de bordo meeesmo está na central multimídia.

Ford Mustang Mach E
Imagem: Olhar Digital
Ford Mustang Mach E
Imagem: Olhar Digital

Ficha técnica completa

PERFORMANCE

Aceleração de 0 a 100 km/h: 3,7s
Potência: 487 cv
Torque: 860 Nm
Combustível: Elétrico – Fonte Externa
Transmissão Automática •
Tração Integral e-AWD •
Seletor de marchas rotativo (E-shifter) •
Suspensão Adaptativa MagneRide® •
Freios de alta performance BREMBO® •

RECARREGAMENTO E AUTÔNOMIA

Autonomia: 379 km (Inmetro)
Potência máxima de carregamento em corrente alternada c/ carregadores Tipo 2 11KW
Potência máxima de carregamento em corrente contínua c/ carregadores CCS2 150KW
Bateria de Alta Voltagem de Ions de Lítio •
Capacidade útil de 91 KWh •
Refrigeração líquida •
Proteção contra impactos e imersão •
Garantia de 8 anos ou 160.000 km, o que ocorrer primeiro •
Ford Mobile Wall Box compatível com tomada industrial de 32 ampères •

DIMENSÕES

Altura (mm): 1613 mm
Capacidade de carga (kg): 436 kg
Capacidade do porta-malas dianteiro (L): 139 L
Capacidade do porta-malas traseiro (L): 402 L
Comprimento (mm): 4743 mm
Entre Eixos (mm): 2984 mm
Largura com espelhos abertos (mm): 2097 mm
Largura com espelhos rebatidos (mm): 1930 mm
Número de passageiros: 5
Peso em ordem de marcha (kg): 2281 kg

TECNOLOGIA

3 modos de condução selecionáveis – Whisper, Engage e Unbridle
Abertura das portas por código sem chave (Keypad)
Abertura e fechamento global dos janelas
Abertura eletrônica automática do porta-malas (Hands Free Lifgtade)
Abertura eletrônica das portas (E-Latch)
Ar-condicionado automático digital de duas zonas com saída para os bancos traseiros
Assistente de estacionamento
Câmera 360°
Câmera de ré
Carregador de celular por indução
Chave com sensor de presença: Acesso inteligente e Partida sem chave (Ford Power)
Freio de mão eletrônico
Função Auto Hold
Painel de Instrumentos digital de 10.2″
Tomada de 12V traseira
Vidros elétricos com abertura e fechamento com um toque para cima/baixo (dianteiros / traseiros)

EXTERIOR

Acabamentos externos em preto brilhante
Emblema GT traseiro
Emblemas laterais Mach-E 4X
Faróis FULL LED
Lanternas FULL LED
Luz de aproximação com a projeção do emblema do Mustang
Luz elevada de freio (Brake-light)
Luzes de assinatura com DNA Mustang
Pneus 245/45 R20
Retrovisores externos com luzes indicadoras de condução
Retrovisores externos com rebatimento e ajustes elétricos
Rodas de liga leve de 20″
Soleiras das portas dianteiras com insertos metálicos e emblemas Mustang e GT
Spoiler traseiro

SISTEMA MULTIMIDIA SYNC4

B&O Premium Sound System by Bang & Olufsen com 09 alto-falantes e 01 subwoofer
Bluetooth
Comandos de áudio e voz no volante
Compatível com Android Auto e Apple CarPlay sem fio
Entradas USB tipo A e tipo C
GPS Embarcado
Tela central multifuncional touch screen de 15.5″

INTERIOR

Bancos dianteiros aquecidos com ajustes elétricos de 8 posições
Ajustes do banco do motorista e retrovisores externos com memória
Teto solar panorâmico com revestimento especial termo-refletivo
Ajuste de altura e profundidade do volante
Bancos com revestimento premium e costuras metálicas
Console central com porta-objetos, descansa braço integrado e emblema GT
Iluminação interna ambiente configurável
Luz de Leitura
Para-sol com espelho e luzes de cortesia (motorista / passageiro)
Tapetes de Carpete
Banco traseiro rebatível 60/40
Volante aquecido com acabamento premium e emblema Mustang

CONECTIVIDADE VIA FORDPASS

Acompanhamento de recarga da bateria de alta voltagem
Agendamento de recarga da bateria de alta voltagem
Agendamento de serviços na rede autorizada
Alerta de acionamento do alarme no celular
Alertas de funcionamento do veículo
Partida remota agendada
Partida remota com acionamento do ar condicionado
Sistema de localização do veículo no celular
Status de pressão dos pneus
Status remoto do veículo (nível da bateria de alta voltagem, hodômetro, autônomia, etc)
Travamento e destravamento remoto do veículo

Cores