Se os impactos das mudanças no mercado de crédito serão sentidos na Black Friday ou no Natal, é algo que dependerá dos varejistas. “O que o governo sabe é que o fim do ano será bom”, disse o secretário de reformas econômicas, Marcos Pinto, em entrevista ao Valor.
A perspectiva é que ainda este ano possam ser contratados financiamentos a juros mais baixos. Essa novidade, somada às renegociações de dívidas do Desenrola, prometem dar um bom impulso no consumo.
A Câmara dos Deputados concluiu ontem a votação do novo marco de garantias, que seguiu para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A expectativa do governo é que a maior facilidade para cobrar dívidas reduza os índices de inadimplência e, por consequência, os spreads bancários.
O Desenrola permitiu a renegociação de R$ 16 bilhões em dívidas na primeira fase e proporcionou descontos de R$ 125 bilhões na segunda fase, pontuou o secretário.
Independentemente da conjuntura de juros ainda elevados e das incertezas trazidas pelo cenário externo, o marco das garantias e o Desenrola trazem mudanças estruturais de longo prazo que permitirão, ao longo do tempo, financiamentos mais baratos. “Independentemente do nível da Selic, o spread bancário vai cair”, afirmou.
O novo marco das garantias destrava o financiamento a automóveis e permite que os imóveis sejam utilizados como garantia para um segundo empréstimo. Esses dois pontos não precisam de regulamentação adicional.
Outro projeto de lei já aprovado permite que os fundos de previdência também sejam utilizados como garantia. A regulamentação desse ponto está em fase final no Ministério da Fazenda.
O Desenrola, por sua vez, estabeleceu um canal entre credores e devedores que poderá ser reutilizado. “É uma plataforma de mais fácil uso para credores e devedores se encontrarem, um canal que liga os bilhões de crédito, os credores, os bancos e quem quer renegociar.”