O Bank of America (BofA) diz que há possibilidade de a Petrobras (PETR4) pagar integralmente o valor dos dividendos aos acionistas da empresa ainda neste ano. Na quinta-feira (25), a petroleira informou, por meio de comunicado, que aprovou a liberação de 50% do volume total da reserva, o que equivale a R$ 21,9 bilhões. O banco acredita que a Petrobras deve liberar os outros 50% no segundo semestre.
Se isso acontecer, o BofA afirma que a companhia poderia proporcionar mais estabilidade e confiança aos investidores da Petrobras.
Além disso, de acordo com as analistas Caio Ribeiro e Leonardo Marcondes, com o anúncio do pagamento dos dividendos da Petrobras, a projeção do dividend yield (rendimento dos dividendos) da empresa para este ano deve alcançar 16%, levando em consideração o barril do petróleo a US$ 86. Esse montante é notavelmente superior à média dos pares globais, que está em torno de 8,7%, segundo relatório.
O BofA também avaliou como favorável a eleição de Rafael Dubeux, secretário do Ministério da Fazenda, para o conselho de administração, na chapa eleita pela União. Essa nomeação, de acordo com o relatório, é percebida como estratégica, considerando a importância dos dividendos da Petrobras para o orçamento fiscal do governo.
Dubeux, que ingressa pela primeira vez no colegiado, se une aos demais membros da chapa governamental que foram reeleitos: o presidente da estatal, Jean Paul Prates, Bruno Moretti, Vitor Saback, Renato Gallupo e Pietro Mendes.
Itaú BBA diz que aprovação de dividendos equilibra remuneração aos acionistas e saúde financeira
Após a confirmação da Petrobras na quinta-feira (25) sobre o pagamento de 50% dos dividendos extraordinários, seguindo a autorização concedida pelo conselho de administração da empresa na última sexta-feira (19), o Itaú BBA avalia que essa aprovação “sinaliza o caminho livre” para a distribuição dos R$ 21,9 bilhões remanescentes, provenientes de 50% das reservas de capital da empresa, até o final de 2024.
Para os especialistas do banco, a aprovação dos dividendos extraordinários da Petrobras representa uma estratégia financeira fundamental para a empresa, visando equilibrar a remuneração aos acionistas com a saúde financeira da companhia, em um momento desafiador e repleto de oportunidades no setor energético.
A escolha de reter essa quantia foi motivada pela previsão de novos investimentos. Embora a diretoria da empresa tenha proposto distribuir 50% dos fundos, o Conselho de Administração optou por uma avaliação mais aprofundada dos cenários, adiando o pagamento para o futuro.
Os estrategistas também afirmam que o conselho avaliou que essa decisão não comprometerá a estabilidade financeira da Petrobras. A notícia foi bem recebida pelos investidores, pois implica um rendimento de dividendos de 4,1%, potencialmente atraindo mais investidores para manter ações da Petrobras em suas carteiras.
Além disso, a perspectiva de a empresa distribuir os 50% restantes das reservas de capital da Petrobras como dividendos extraordinários ainda este ano é vista como uma opção que aumenta o atrativo da ação para os investidores, segundo o BBA.
O Broadcast, serviço de notícias do Estadão, também confirma o pagamento da outra metade dos dividendos da petroleira. Após a decisão de pagar 50% dos dividendos da Petrobras, o governo optou por realizar o pagamento da outra metade ao longo do segundo semestre, relata a jornalista Célia Froufe, de Brasília.
Embora a data exata ainda não tenha sido definida, fontes do governo afirmam que o prazo foi acordado com o Palácio do Planalto, ou seja, recebeu aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após a crise causada na estatal pela questão dos dividendos.
Com abertura de cofre da Petrobras, Tesouro Nacional deve faturar ao menos R$ 6 bilhões
Com essa deliberação dos dividendos extraordinários, estima-se que o Tesouro Nacional receberá pelo menos R$ 6 bilhões, reforçando o caixa da União.
Os dividendos correspondem a uma parcela dos lucros da Petrobras compartilhada entre os acionistas, sendo os extraordinários aqueles pagos além do mínimo obrigatório. Vale ressaltar que a Petrobras não está obrigada a distribuí-los.
Em março, a decisão de não pagar esses dividendos extras causou agitação no governo e resultou em uma queda de 10% nas ações da Petrobras na Bolsa de Valores brasileira em um único dia. Inicialmente, os conselheiros indicados pelo governo se opuseram à distribuição dos dividendos extras. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a vetar a liberação dos valores, seguindo a posição dos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Após debates intensos sobre o assunto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, convenceu Lula da importância da medida, especialmente considerando que o governo detém 37% do valor distribuído.
Em uma reunião ocorrida na última sexta-feira (19), o conselho de administração da Petrobras já havia dado o sinal verde e permitido que a proposta da diretoria, de pagar metade dos dividendos extraordinários, fosse submetida à assembleia de acionistas.
Durante a reunião da semana passada, o conselho da Petrobras avaliou que fatores como o aumento no preço do petróleo contribuíram para fortalecer a capacidade de financiamento dos projetos da estatal.
Saiba quando a Petrobras vai pagar os dividendos
Os dividendos extraordinários da Petrobras serão distribuídos em duas parcelas, com a primeira prevista para o dia 20 de maio e a segunda para o dia 20 de junho deste ano. Para os detentores de ADRs (American Depositary Receipts – recibos de depósito de ações internacionais), os pagamentos serão efetuados a partir de 28 de maio e 27 de junho de 2024, respectivamente.
O valor bruto a ser recebido por ação é de R$ 2,89495671, considerando um acréscimo de R$ 0,09538421 na atualização monetária pela taxa Selic, desde 31 de dezembro até a data atual.
Na primeira parcela, o valor será de R$ 1,44747835 por ação preferencial e ordinária, com R$ 0,87857605 referentes aos dividendos extraordinários. Enquanto na segunda parcela, o montante será de R$ 1,44747836 por ação preferencial e ordinária, com R$ 0,87857606 provenientes dos dividendos extraordinários.
Para os investidores que possuem ações da Petrobras negociadas na B3, a data limite para comprar ou manter as ações e receber os dividendos extraordinários é até o dia 2 de maio. Já para os detentores de ADRs negociadas na New York Stock Exchange (NYSE), o prazo é até o dia 6 de maio de 2024.
*Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil