Richard Slayman, de 62 anos, o primeiro paciente do mundo a receber um rim de porco geneticamente modificado morreu neste sábado (11). O transplante realizado no dia 16 de março foi comandado pelo médico brasileiro Leonardo Riella no Massachusetts General Hospital (MGH) em Boston, nos Estados Unidos.
O que você precisa saber?
- O primeiro paciente vivo a passar por um transplante de rim de porco morreu neste sábado (11);
- Não há evidência de que a morte foi consequência do transplante;
- Expectativa era de que ele vivesse 2 anos com o novo órgão;
- A cirurgia foi considerada revolucionária.
O rim foi fornecido pela eGenesis, uma empresa americana que desenvolve órgãos geneticamente modificados e compatíveis com humanos para transplante. A expectativa da equipe médica era de que ele vivesse pelo menos dois anos com o novo órgão.
De acordo com o comunicado divulgado pelo hospital, não há nenhum indício de que a morte tenha ocorrido como resultado do transplante. As causas ainda são investigadas.
Em comunicado, a família de Slayman agradeceu a equipe: “seus enormes esforços liderando o xenotransplante deram à nossa família mais sete semanas com Rick, e as lembranças feitas durante esse tempo permanecerão em nossas mentes e corações”, diz um trecho do comunicado.
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Cirurgia de rim de porco foi considerada revolucionária
Na época da cirurgia, o homem disse à AFP que foi informado dos riscos do procedimento, mas ainda assim preferiu prosseguir para “dar esperança a milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver”.
Slayman foi a primeira pessoa viva a receber um transplante de rim de porco. Pacientes em morte cerebral já haviam passado pelo procedimento como forma de avaliar as condições de sobrevivência do órgão.
O homem sofria com uma doença renal em estado avançado, além de outras comorbidades. Ele já havia passado por um transplante em 2018, mas em 2023 o órgão começou a falhar. Como a fila para receber esse tipo de órgão é longa, o paciente aceitou passar pelo procedimento.
Órgão geneticamente modificado
O transplante de órgãos suínos em pacientes humanos é estudado há décadas por cientistas. Apesar das semelhanças com as estruturas dos nossos corpos, o grande desafio era a resposta do sistema imunológico, que poderia rejeitar o tecido estranho.
É por isso que o rim de porco foi geneticamente modificado. Neste processo, foram retirados genes suínos que prejudicavam a resposta do corpo humano e foram acrescentados genes humanos. Além disso, os pesquisadores inativaram retrovírus endógenos suínos no doador para eliminar qualquer risco de infecção.
Nos cinco anos de pesquisa, foram feitas várias versões de modificações genéticas até encontrarem a que poderia ser implantada em humanos. Com a aprovação das autoridades sanitárias dos EUA, os médicos receberam o rim do porco e fizeram o transplante.