Cientistas do governo americano, incluindo da agência reguladora Food and Drug Administration (FDA), estão alertando para que consumidores evitem beber leite fresco após encontrarem “alta carga viral” de gripe aviária nas amostras. No entanto, algumas pessoas estão pedindo que a bebida infectada seja comercializada como forma de aumentar a imunidade contra o vírus.
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Não ao leite fresco
Segundo o Los Angeles Times, cientistas americanos fizeram o alerta após encontrarem vírus H5N1 em amostras de leite fresco em vacas infectadas.
O vírus altamente patogênico é responsável pela gripe aviária e já foi encontrado em 36 rebanhos de nove estados nos Estados Unidos, bem como nas amostras de leite vendidas comercialmente. No entanto, o processo de pasteurização (aquecimento da bebida para esterilizá-la) neutralizou o vírus.
Não é o que acontece no leite cru, vindo direto das vacas, que é vendido em alguns locais e foi desaconselhado pelas autoridades de saúde no país.
Gripe aviária
- A grupe aviária é transmitida por aves, mas acomete mamíferos, o que preocupa a comunidade científica e de saúde;
- Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre janeiro de 2003 e agosto de 2023, foram quase 900 casos de infecção humana pelo vírus H5N1;
- A doença é considerada de baixa letalidade em humanos, mas a disseminação preocupa;
- Nos Estados Unidos, além das vacas, a gripe aviária também foi identificada em gatos de celeiro encontrados mortos. Não há como saber se eles beberam o leite cru ou entraram em contato com aves contaminadas. O Olhar Digital reportou o caso aqui.
Em meio aos alertas das autoridades americanas, algumas pessoas estão fazendo justamente o contrário: pedindo a comercialização do leite cru contaminado.
Mark McAfee, fundador da organização Raw Milk Institute, disse ao LA Times que tem recebido ligações de pessoas pedindo leite com H5N1 porque querem “imunidade contra ele”.
Para Peg Coleman, microbiologista médica que dirige a Coleman Scientific Consulting, uma empresa de consultoria em segurança alimentar, as advertências do governo não têm base na realidade. Ela defende que o leite não pasteurizado tem benefícios ao organismo humano, que o risco da doença é exagerado e que os alertas são baseados na ignorância das pessoas.
As autoridades destacam que essa estratégia vai contra a ética e bom senso médico. Recentemente, a FDA voltou a provar que a pasteurização é eficiente em neutralizar o vírus, um padrão que já é conhecido na indústria.
Michael Payne, pesquisador e coordenador de divulgação do Instituto Ocidental de Segurança e Proteção Alimentar da UC Davis, defende que “deliberar sobre o consumo de leite cru na esperança de se tornar imune à gripe aviária é jogar roleta russa com a sua saúde”.