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Exames no cérebro podem indicar tipos diferentes de depressão

O tratamento para depressão pode ser um longo caminho. A fórmula é quase sempre a mesma, no mundo todo: recomendam afastamento, descanso, prática de atividades físicas, terapia e remédios.

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Segundo especialistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, a estratégia é parecida em todo o canto por que a ciência ainda não conseguiu criar uma maneira de encontrar um diagnóstico definitivo.

Partindo dessa premissa, os pesquisadores decidiram conduzir um estudo para tentar resolver essa lacuna. E eles descobriram que algumas das respostas podem estar dentro de uma tomografia cerebral.

Como foi feito esse estudo

  • Os cientistas avaliaram 801 pacientes que foram previamente diagnosticados com depressão ou ansiedade.
  • Todos eles foram submetidos a um exame de imagens chamado ressonância magnética funcional (ou fMRI), para medir a atividade cerebral.
  • Eles examinaram o cérebro dos participantes em repouso e quando estavam envolvidos em diferentes tarefas destinadas do dia a dia.
  • O objetivo era testar o funcionamento cognitivo e emocional do cérebro de todos eles.
  • Na sequência, os pesquisadores usaram uma abordagem de aprendizado de máquina conhecida como análise de cluster para agrupar as imagens cerebrais dos pacientes.
  • Foi aí que eles identificaram seis padrões distintos de atividade nas regiões cerebrais que estudaram.
  • Vale destacar ainda que os autores também distribuíram aleatoriamente 250 participantes para receber psicoterapia comportamental ou um dos três antidepressivos mais comuns nos EUA: venlafaxina, escitalopram ou sertralina.
A depressão costuma ser uma doença silenciosa – Imagem: mrmohock / Shutterstock.com

Os tipos e candidatos a tratamentos

Os seis biótipos de depressão encontrados pelos autores incluem:

1) Um caracterizado por hiperatividade em regiões cognitivas, que foi associado a mais ansiedade, preconceito negativo, desregulação de ameaças e anedonia do que outros biotipos. Esses participantes tiveram pior desempenho em tarefas de funções executivas, não conseguiram tomar boas decisões e se distraíam muito facilmente. Eles também tiveram a melhor resposta ao antidepressivo venlafaxina.

2) Outro biotipo foi marcado por níveis mais elevados de conectividade cerebral em três regiões associadas à depressão e à resolução de problemas. Esses se saíram bem em tarefas cognitivas e reagiram melhor à psicoterapia comportamental.

3) Houve também um biotipo que se distinguia por ter os níveis mais baixos de atividade no circuito cerebral que controla a atenção. De acordo com os pesquisadores, esses pacientes precisar primeiro de medicação para depois fazer a terapia.

4) Os autores também encontraram um biotipo caracterizado por alta reatividade emocional, o que significa que os cérebros dos participantes foram mais afetados por estímulos emocionais, como suas próprias emoções ou expressões faciais das pessoas.

Rede social e ansiedade
Especialistas afirmam que as redes sociais têm impacto nos diagnósticos recentes – Imagem: Rawpixel.com / Shutterstock

5) Um outro biotipo foi associado a menor atividade nas regiões cognitivas do cérebro e menor conectividade nas regiões emocionais, o que significa que estes participantes tiveram dificuldade em responder à informação cognitiva e em regular emoções negativas.

6) O sexto biotipo identificado foi o mais curioso: os exames mostraram o cérebro sem alterações, como se fossem pessoas sem a doença. Os cientistas disseram acreditar que essa descoberta pode significar que toda a biologia cerebral subjacente à depressão ainda não foi totalmente descoberta.

É o início de uma nova era para o tratamento da depressão?

A resposta é não. Pelo menos não ainda. Os próprios autores reconhecem que o número de pacientes estudados é pequeno. E o grupo não traduz um recorte fiel do que seria a nossa sociedade: dos participantes, apenas 2% eram negros, por exemplo.

Além disso, os 250 participantes do tratamento não foram randomizados com base em seus biotipos. Sem contar que o estudo investigou apenas uma forma de psicoterapia e três medicamentos, sendo que no mundo real existem muitos de cada um.

remédios
Uma das formas mais comuns de tratamento para depressão são os remédios – Imagem: Pill (iStock)

Isso significa que o artigo científico não vale de nada? Também não! Bem longe disso, aliás. O estudo dá um caminho a ser seguido. Os especialistas defendem agora a realização de novas pesquisas para se aprofundar no assunto.

Milhões de pessoas no mundo todo agradecem.

As informações são da CNN.