Imagine um exame que possa prever câncer, lesões cerebrais e outras doenças antes que elas se tornem um problema. É isso que celebridades como Kim Kardashian estão fazendo: passando por ressonâncias magnéticas com a promessa de que detectarão condições médicas antes que elas virem realidade.
Os procedimentos não são nada baratos (nem são cobertos por convênios de saúde) e, por enquanto, não tem eficácia comprovada em prevenir doenças.
Celebridades estão aderindo a exame sem recomendação médica
Um novo grupo de empresas do setor médico vêm aderindo a esse discurso: de que o exame médico pode ajudar pessoas saudáveis a saber mais sobre sua própria saúde.
Uma dessas empresas é a Prenuvo, que já atraiu Kim Kardashian como cliente. Nesse caso, ela alega que o exame pode identificar mais de 500 condições médicas que poderiam passar despercebidas em uma consulta médica tradicional. O Olhar Digital já falou sobre a empresa aqui.
A companhia cobra US$ 999 (cerca de R$ 5,4 mil) para escanear o tronco, US$ 1.799 (cerca de R$ 9,7 mil) para a cabeça e tronco, e U$ 2.499 (cerca de R$ 13,5 mil) para o corpo inteiro. Segundo o Euronews, outras empresas fazem o procedimento por valores parecidos – sem cobertura de convênios.
Vale lembrar que, no Brasil, o exame médico pode ser realizado por convênios de saúde com encaminhamento médico, o que não é o caso dessas empresas.
Tanto adeptos quanto as próprias companhias alegam que este é o próximo passo no que chamam de “medicina preventiva”. Além da realização do exame, a Prenuvo ainda fornece uma consultoria para análise dos resultados.
Realização do exame “à toa” tem riscos
Uma ressonância magnética usa campos magnéticos para produzir imagens detalhadas dos órgãos, ossos e outras estruturas do corpo. Ao contrário dos raios-x, o exame não usa radiação. Ele é recomendado por médicos para diagnosticar câncer, lesões cerebrais e outras condições.
No entanto, apesar de ser eficiente em detectar problemas sérios (como aneurismas e tumores), a probabilidade de encontrar algo em uma pessoa que nunca apresentou sintomas é baixo. No lugar, os exames indicam problemas inofensivos ou mínimos.
Segundo a Dra. Mina Makary, radiologista do Ohio State Wexner Medical Center, isso cria um estresse ou trauma adicional no paciente (sem contar os gastos) do exame à toa.
Outro risco é que, por realizar o exame, o paciente pode pensar que não precisa passar por outros procedimentos de rotina, negligenciado questões de saúde reais.
Leia mais:
Não há evidências de que exame ajuda a prever doenças
- O Colégio Americano de Radiologia não recomenda a realização de ressonância magnética em pessoas que não apresentam sintomas, destacando que “não há evidências” documentadas de que a técnica seja efetiva;
- A Food and Drug Administration (órgão regulador dos EUA, uma espécie de Anvisa americana) não aprovou nenhum aparelho de ressonância magnética para o exame preventivo;
- A Prenuvo, no entanto, está monitorando 100 mil pessoas ao longo do tempo para estudar se a realização do exame de forma preventiva, como alega, tem benefícios ou não;
- O estudo é pago pelos clientes e deve terminar a partir de 2034.