Insatisfeitos com a gestão e o desempenho do Coritiba, torcedores têm se movimentado para pedir esclarecimentos à SAF coxa-branca, administrada pela Treecorp Investimentos, dona de 90% das ações do clube, e farão um protesto.
Na última semana, a torcida organizada Império Alviverde enviou um ofício ao representante da associação do clube na SAF, Vilson Ribeiro, pedindo maiores informações sobre a administração da Treecorp. O presidente da torcida, Rafael Oliveira, que é quem assina o documento, falou com o UmDois Esportes.
“Queremos transparência na operação do clube, é mais uma tentativa em obter acesso ao contrato e documentos de interesse da toda a torcida, o que reiteradamente tem sido negado. A ideia surgiu porque muitos torcedores cobram a Império Alviverde sobre o assunto e resolvemos juntos cobrar uma posição das atuais lideranças do clube”, explicou.
O documento solicita de informações a respeito do acordo firmado com a empresa. A torcida pede o acesso aos estudos e condições de aferição da valuation do Coritiba, à proposta definitiva da operação firmada com a empresa, bem como a outros documentos como o contrato de investimentos, acordo de acionistas, cessão e investimentos no CT da Graciosa, contratos de uso do Couto Pereira e outros.
O ofício foi homologado pela associação na sexta-feira (12) e o prazo para a resposta é de dez dias.
Torcedores querem mais clareza da SAF do Coritiba
A investida por parte da organizada busca tirar algumas dúvidas que a torcida coxa-branca tem em relação à obrigações da Treecorp com o Coritiba. Segundo conta Daniel Ferreira, pesquisador da história do clube e torcedor, os sócios tiveram acesso limitado ao contrato com a empresa no ano passado, durante a época da venda.
“Para acesso ao contrato o sócio precisava agendar com antecedência. Para leitura, assinava um termo de confidencialidade. Aí tinha uma hora para ler cerca de 500 páginas. O detalhe é que você sentava em uma cadeira dessas de escritório, de frente para a secretária (que ficava em posse do seu celular). Completamente inviável”, relembrou Ferreira.
Com isso, hoje, os torcedores que tentam cobrar resultados e pedir informações em relação à gestão, encontram um impasse por não saber mais detalhes do acordo entre Coxa e Treecorp. Nesta temporada, parte da torcida, inclusive, criou um movimento, intitulado “Coletivo Coritibano”, para fiscalizar os rumos do clube.
“O que acontece é que existe uma iniciativa dos torcedores de fazer cobranças à SAF. O que ocorre é que as pessoas logo perceberam que é difícil cobrar sem saber exatamente quais são as obrigações assumidas pela Treecorp. O contrato de venda dos 90% da SAF para a Treecorp é de difícil acesso (não é público)”, explica o torcedor.
O coletivo é formado por integrantes das torcidas organizadas do Coxa, como Império Alviverde, Dragões Alviverde e Curva 1909, e por membros de grupos da internet e redes sociais, como Rede Coxa, Insta Coritiba, Coxanautas e Gurias do Couto. Ao todo, são 22 coletivos reunidos.
Ferreira explica ainda que esse pedido poderia deixar mais claro os objetivos de investimento no futebol nesta temporada. Em uma semana de janela de transferências, o Alviverde ainda não anunciou nenhuma contratação. A equipe está na 10ª colocação na Série B.
“Poderíamos ter uma ideia do quanto foi investido e se há ainda obrigação de investimento este ano. É uma preocupação grande da torcida, porque muitos acham que o clube não tem condições de subir com esta equipe“, opina.
Movimento de torcedores do Coritiba vai se reunir nesta quarta
Buscando maior mobilização, o movimento “Coletivo Coritibano” agendou uma reunião aberta aos torcedores nesta quarta-feira (17), na sede da torcida Império Alviverde, às 19h30.
Esta será a primeira vez que o movimento vai fazer uma reunião com a participação da torcida geral. A ideia também é discutir a proposta do novo estatuto da associação do clube, que ainda não tem data para ser votado em assembleia de sócios.
Torcida do Coritiba marca protesto no Couto Pereira
Antes do jogo contra o Mirassol, nesta sexta-feira (19), a torcida do Coritiba vai fazer um protesto no entorno do Couto Pereira, às 20h. As manifestações têm sido recorrentes no estádio desde o início da Série B.
Os primeiros protestos, com faixas e críticas à Treecorp surgiram quando o técnico Guto Ferreira ainda estava no comando. Depois, as críticas passaram a se voltar ao ex-CEO Carlos Amodeo. Mais recentemente, manifestações a favor da volta do atacante Alef Manga também marcaram os jogos do Coxa.