Do começo até o fim da pandemia, o risco de alguém que se infectou com o SARS-CoV-2 desenvolver Covid longa depois de algum tempo caiu significativamente. Essa queda foi atribuída principalmente à vacinação, em um novo estudo da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis.
A investigação analisou variantes do vírus e sua evolução geral, usando dados do Departamento de Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos. As informações eram de 441.583 veteranos que tiveram infecção por SARS-CoV-2 entre 1º de março de 2020 e 31 de janeiro de 2022, e mais de 4,7 milhões de veteranos não infectados.
Detalhes da pesquisa foram publicados no The New England Journal of Medicine.
As informações sobre os veteranos que tiveram Covid foram separadas em cinco grupos: os que pegaram Covid-19 sem estarem vacinados, com a cepa original em 2020, a variante delta em 2021, e a variante ômicron em 2022. Os outros dois grupos eram de pessoas vacinadas que pegaram a variante delta e ômicron.
A equipe analisou a quantidade de casos um ano após a infecção em cada um desses cinco grupos, e os resultados foram os seguintes:
- As pessoas que pegaram a Covid-19 original em 2020 sem vacina tiveram a maior taxa de Covid longa: 10,4%.
- Um dos motivos é que não havia vacina disponível em 2020, quando a pandemia tinha acabado de começar.
- Durante a era delta e ômicron, os casos de Covid longa tiveram queda de 9,5% e 7,7% para as respectivas variantes entre os não vacinados.
- Mas entre os vacinado a taxa de Covid longa foi bem menor, de 5,3% para infecções com a variante delta e 3,5% para a ômicron.
- Além disso, a análise indica que a vacinação foi responsável por 70% da redução do risco de Covid longa.
- Enquanto os outros 30% se devem a fatores como a evolução do vírus e melhorias no tratamento e detecção da doença.
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A notícia é boa, mas ainda é necessário cautela
Ziyad Al-Aly, epidemiologista clínico da Universidade de Washington e líder do estudo, conversou com o Medical Xpress e disse que, mesmo com a redução do risco de Covid longa, o perigo ainda não passou.
Desde o início da pandemia, ele tem se dedicado a estudar a condição prolongada da doença. Um de seus estudos mais recentes mostrou que, durante a era ômicron, os problemas cardíacos, cerebrais, renais e pulmonares diminuíram, enquanto problemas metabólicos e gastrointestinais aumentaram. Ele enfatizou que cada variante do vírus tem características diferentes, afetando diferentes partes do corpo.
Embora o risco de Covid longa seja quantitativamente menor, uma pessoa pode ter um risco maior de desenvolver uma doença com base na parte do corpo que a variante da Covid tem como alvo.
Ziyad Al-Aly para o Medical Xpress
O risco de Covid longa pode ter diminuído, mas milhões de pessoas ainda sofrem com essa condição. Portanto, é crucial continuar os esforços para entender, prevenir e tratar a Covid longa, recomendou o especialista.