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Apagar ‘memórias ruins’ evita um efeito colateral do tratamento do Parkinson

Quem nunca quis apagar uma memória ruim do cérebro? Aposto que alguns sentimentos negativos poderiam simplesmente deixar de existir. No caso de uma nova descoberta, não é uma emoção que é evitada, mas sim um efeito colateral do tratamento do Parkinson.

Embora promissor, um medicamento para aliviar a gravidade da doença pode, ao longo do tempo, provocar tremores indesejados. Pesquisadores da Universidade do Alabama em Birmingham (UAB) descobriram que bloquear a formação de “memórias ruins” é uma solução para prevenir esse problema.

Mal de Parkinson
Tratamento para Parkinson pode causar outro tipo de tremor a longo prazo – Imagem: Kotcha K/Shutterstock

Como apagar memórias pode evitar efeitos colaterais do tratamento do Parkinson?

  • O L-DOPA é um medicamento para tratar o Parkinson que pode levar a discinesia, uma condição em que a pessoa afetada não consegue controlar certos movimentos e sofre com espasmos e tremores.
  • A equipe de pesquisa queria entender por que isso acontecia para encontrar uma forma de prevenir o efeito.
  • Durante investigações com ratos de laboratório, os pesquisadores encontraram uma atividade intensa em uma área do cérebro responsável pelo controle motor.
  • Neurônios específicos, chamados D1-MSNs, estavam sendo ativados pelo L-DOPA e formando novas conexões, um processo muito semelhante à formação de memórias.
  • Um gene expresso por esses neurônios produziu uma proteína chamada Activina A. Ao bloqueá-la, a discinesia também parou de surgir nos animais.
  • Ou seja, ao bloquear o mecanismo por trás da formação de memória motora, os cientistas conseguiram evitar o aparecimento do efeito colateral.
Bloquear o mecanismo por trás da formação de memória motora impede o aparacimento do efeito colateral do tratamento – Imagem: Alexander Supertramp/Shutterstock

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É preciso confirmar os resultados em humanos

A neurologista Karen Jaunarajs explica que, de acordo com o artigo da UAB, quando pacientes usam L-DOPA, o cérebro parece criar uma “memória” dos movimentos, o que causa efeitos colaterais, como movimentos involuntários. Ela e sua equipe conseguiram interromper esse problema em camundongos ao bloquear a proteína específica, o que ajudou a evitar esses sintomas.

Em essência, ao proibir o funcionamento da Activina A, fomos capazes de interromper o desenvolvimento de sintomas de discinesia nos modelos de camundongos, apagando efetivamente a memória do cérebro sobre a resposta motora ao L-DOPA.

Karen Jaunarajs para o portal da UAB

Embora esses resultados sejam promissores, eles ainda precisam ser confirmados em humanos. Se isso funcionar, pode permitir que os pacientes usem L-DOPA por mais tempo sem os efeitos colaterais indesejados.

A pesquisa foi publicada no Journal of Neuroscience