Um novo estudo da Universidade da Califórnia em São Francisco, nos Estados Unidos, concluiu que o ChatGPT pode sugerir raios-X e antibióticos desnecessários para alguns pacientes e internar outros que não precisam de tratamento hospitalar, caso a tecnologia fosse implementada em departamentos de emergência.
A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira (08) na revista científica Nature Communications. “Esta é uma mensagem valiosa para os clínicos não confiarem cegamente nesses modelos”, disse o autor principal do estudo, Chris Williams, ao site Medical Express.
O ChatGPT é um mecanismo auxiliar para responder perguntas de exames médicos e ajudar a redigir notas clínicas, mas, na opinião dos acadêmicos, não foi projetado para situações que exigem múltiplas considerações, como é o caso de uma emergência.
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Como foi feita a pesquisa sobre o ChatGPT na saúde
Os pesquisadores analisaram uma ferramenta de IA que já é aplicada em casos clínicos nos Estados Unidos. O grupo desafiou o modelo a fornecer as recomendações que um médico faria após examinar inicialmente um paciente, o que inclui raio-x, exames em geral ou prescrição de antibióticos.
Foram analisadas respostas geradas após 251 mil visitas ao departamento de emergências da própria universidade. Os pesquisadores, então, compararam as recomendações de dois modelos de ChatGPT com aquelas sugeridas pelos médicos.
No geral, os modelos de IA tendem a recomendar serviços com mais frequência do que o necessário, segundo o estudo. O ChatGPT-4 foi 8% menos preciso do que os médicos residentes, e o ChatGPT-3.5 foi 24% menos preciso.
O teste é uma extensão de outra pesquisa realizada recentemente pelo mesmo grupo também sobre a eficácia de IA no atendimento clínico. Nesse caso, a tecnologia foi ligeiramente melhor que os humanos em determinar qual dos dois pacientes de emergência estava mais gravemente doente.
“Esses modelos são quase ajustados para dizer, ‘procure orientação médica’, o que é bastante correto de uma perspectiva geral de segurança pública”, disse Williams. “Mas pecar por excesso de cautela nem sempre é apropriado no cenário do departamento de emergências, onde intervenções desnecessárias podem causar danos aos pacientes, sobrecarregar os recursos e levar a custos mais altos para os pacientes.”