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Esta habilidade pode proteger seu cérebro contra o Alzheimer

Quem fala mais de uma língua fluentemente não só tem a vantagem de se comunicar em dois idiomas, mas também de proteger melhor o cérebro. Cientistas descobriram que o bilinguismo pode literalmente preservar áreas do seu cérebro ao longo do tempo e, assim, prevenir o Alzheimer.

O estudo utilizou neuroimagem para avaliar a capacidade do cérebro de pessoas bilíngues e monolíngues de lidar com as mudanças do envelhecimento, a que a ciência dá o nome de resiliência cerebral, em áreas também ligadas à linguagem. Os participantes eram adultos mais velhos sem comprometimento cognitivo, com risco de desenvolver Alzheimer ou já diagnosticados.

As descobertas foram descritas em artigo científico publicado na revista Bilingualism: Language and Cognition.

O bilinguismo pode proteger seu cérebro contra o Alzheimer

  • Ao examinar a imagem do cérebro de pessoas bilíngues e monolíngues, cientistas notaram uma diferença entre eles.
  • O hipocampo de bilíngues com Alzheimer era visivelmente maior do que o dos monolíngues que tinham fatores em comum, como idade e níveis de saúde.
  • A região cerebral é responsável pelos processamentos de aprendizado e memória e também é a principal afetada pelo Alzheimer.
  • Entre os indivíduos monolíngues com comprometimento leve e avançado, houve sinais claros de atrofia hipocampal, ou seja, o encolhimento dessa área do cérebro.
  • Por outro lado, nos bilíngues, mesmo com o avanço do Alzheimer, o volume do hipocampo não diminuiu.
  • As evidências sugerem que talvez a habilidade de falar duas línguas tenha provocado um efeito protetor no cérebro.
Esquema das regiões cerebrais estudadas. As áreas em cinza claro estão relacionadas à linguagem, enquanto as em cinza escuro estão associadas ao Alzheimer – Bilingualism: Language and Cognition.

Falar mais de um idioma é benéfico, mas não faz milagre

A resiliência cerebral é o termo que os cientistas usam para a capacidade do cérebro de se adaptar e resistir às mudanças que vêm com o envelhecimento. O conceito se divide em três partes: manutenção, reserva cerebral e reserva cognitiva.

A manutenção cerebral é o quão bem o cérebro continua funcionando ao longo do tempo. Vários fatores podem influenciar essa capacidade. Já a reserva cerebral se refere ao tamanho e à estrutura do cérebro. Quanto maior e mais robusto, melhor a nossa mente continua a funcionar normalmente, mesmo que algumas áreas sofram danos ou encolham, como ocorre em doenças como o Alzheimer.

Ilustração de cérebro se desfazendo igual nuvem para representar neurodegeneração da Doença de Alzheimer
O bilinguismo pode oferecer proteção ao cérebro – Imagem: Naeblys/Shutterstock

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Por fim, a reserva cognitiva é a habilidade do cérebro de encontrar novas maneiras de funcionar, mesmo quando partes dele são danificadas. Isso significa que cérebros com mais experiência podem usar diferentes áreas para realizar funções como lembrar de algo ou falar, o que ajuda a compensar eventuais perdas.

Se há um equilíbrio entre esses três elementos, mais saudável será a mente de alguém, e consequentemente, mais protegida contra doenças também. Embora o bilinguismo possa trazer benefícios cognitivos, o estudo sugere que, nas áreas diretamente ligadas à linguagem e ao Alzheimer, ele não parece aumentar a reserva cerebral ou a reserva cognitiva. Ou seja, não é capaz de oferecer esse equilíbrio completo.

Próximos passos

A equipe de pesquisa pretende agora aprofundar os conhecimentos obtidos e entender se ser multilíngue — falar mais de duas línguas — tem um impacto positivo semelhante nas redes cerebrais de pessoas com Alzheimer.

Mesmo que só tenha impacto em todos os requisitos de boa resiliência cerebral, falar mais de uma língua se mostra uma boa opção para proteger a mente contra o Alzheimer. Certamente, exercitar o cérebro com novos idiomas tornará ele mais forte ao longo do tempo. Além disso, ter uma boa alimentação, praticar exercícios regulares e ter um sono de qualidade são práticas que também ajudam a preserva-ló.