Um estudo realizado na Alemanha sugere que o estresse pode inativar glândulas importantíssimas ao bom funcionamento do intestino, deixando as pessoas mais suscetíveis às doenças. Além disso, outras evidências mostram uma forte conexão entre estresse e a saúde intestinal.
Geralmente, isso acontece por conta da presença das células nervosas no sistema digestivo que atua como uma “via de mão dupla”, se conectando diretamente ao nosso cérebro. Então, se você leva uma vida sob estresse, de alguma forma isso pode estar se refletindo no seu intestino. Entenda melhor a seguir.
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Qual a relação do estresse e sua saúde intestinal?
Essa relação entre o cérebro e o intestino é inevitável. Um bom exemplo, é quando sentimos aquele cheirinho de comida saindo do fogo. O que parece só a fome batendo à porta, já está alterando substâncias lá dentro do seu intestino, pois somente o fato de sentir o cheiro da comida já eleva a motilidade e a secreção gástrica.
Dessa forma, fica evidente o que acontece quando o nível de estresse está alto, não é mesmo? Sobretudo, é quase que “um soco no estômago”, pois as consequências se refletem no organismo e, no caso do intestino pode resultar em casos mais graves, como a doença inflamatória intestinal, problemas gástricos, alterações do hábito intestinal e até síndrome do intestino irritável.
O estresse e a inativação das glândulas de Brunner
Um estudo realizado pelo neurocientista Ivan de Araujo, do Instituto Max Planck de Cibernética Biológica, em Tübingen, na Alemanha, constatou que o cérebro pode estimular a liberação de hormônios que podem desencadear condições intestinais.
O estudo foi baseado a partir do estudo das glândulas de Brunner, encontradas nas paredes do intestino delgado. Afinal, essas glândulas contêm uma abundância de neurônios que se conectam a fibras do nervo vago. Dessa forma, essas fibras fazem um caminho para a amígdala do cérebro, que está ligada a resposta ao estresse.
O interessante é que durante a pesquisa foi observado que camundongos que tiveram a remoção dessas glândulas de Brunner, ficaram com os seus sistemas imunológicos enfraquecidos, os tornando mais suscetíveis a infecções.
Além disso, juntamente com as glândulas de Brunner os camundongos acabaram perdendo as bactérias do gênero Lactobacillus. Tais bactérias, por sua vez, são essenciais para a proteção do intestino, pois evitam a proliferação de outras bactérias prejudiciais à saúde, além de reconstruírem a barreira intestinal e auxiliarem na absorção de nutrientes.
Deste modo, um organismo sem as bactérias do gênero Lactobacillus fica suscetível a doenças e inflamações. Eu sei, mas você deve estar se perguntando, o que isso tem a ver com o estresse, afinal os especialistas removeram essas glândulas propositalmente.
No entanto, isso foi necessário para comparar esse mesmo efeito em camundongos com glândulas inalteradas, mas que foram colocados sob condição de estresse crônico.
O resultado é surpreendente, pois os pesquisadores concluíram que colocar camundongos com glândulas de Brunner intactas sob estresse crônico teve o mesmo efeito que removê-las. Ou seja, o estresse pode inativar as glândulas e, por consequência, trazer a queda nos níveis de lactobacilos e maior nível de inflamação.
Deste modo, o estudo sobre as vias de comunicação neural podem auxiliar no tratamento de distúrbios relacionados ao estresse, como a doença inflamatória intestinal.