O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgaram, nesta terça-feira, 5 de dezembro, os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2022. A divulgação foi feita em coletiva de imprensa, com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana; da secretária executiva do MEC, Izolda Cela; e do presidente do Inep, Manuel Palacios, na sede do Ministério, em Brasília.
O Pisa é um estudo comparativo internacional, realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O programa avalia o conhecimento e as habilidades dos estudantes na faixa etária de 15 anos (idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países) em matemática, leitura e ciências. O Inep é o responsável pelo planejamento e a operacionalização da avaliação no Brasil – o país participa desde a primeira edição, realizada em 2000. Trata-se do maior estudo comparativo do mundo.
- Em função da pandemia de covid-19, os países-membros e associados da OCDE decidiram adiar a avaliação do Pisa 2021 para 2022 e do Pisa 2024 para 2025.
A aplicação no Brasil foi digital, com exceção dos questionários dos pais. Ao todo, 81 países foram avaliados. Participaram 10.798 estudantes de 599 escolas das redes pública e privada.
Confira o perfil dos participantes:
- 73,1% dos estudantes da rede estadual
- 81,9% dos matriculados no ensino médio
- 96,5% das escolas em área urbana
- 76,4% das escolas localizadas no interior
Resultados – As médias brasileiras de 2022 foram praticamente as mesmas de 2018 em matemática, leitura e ciências. Desde 2009, os resultados são estáveis nas três disciplinas, com pequenas flutuações que, na sua maioria, não são significativas. Apesar da média da OCDE ser, nesta edição do estudo, a menor de toda série histórica (desde 2000), os estudantes do Brasil obtiveram pontuação inferior a ela nas três disciplinas.
O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou os esforços dos governos estaduais para minimizar os impactos recentes da pandemia e ressaltou a importância da articulação entre União e os entes federados. “Nós não acreditamos em nenhuma ação de melhoria da qualidade da educação sem a participação, contribuição e o compromisso dos estados e municípios na construção desta política”, disse.
Para Camilo, no entanto, “é necessário avançar significativamente para melhorar a qualidade dos resultados em toda a educação básica e, automaticamente, no Pisa”, ponderou. Ainda de acordo com o ministro, as medidas prioritárias do MEC visam promover a alfabetização na idade certa; a garantia da educação em tempo integral; a permanência do jovem na escola; e a melhoria da formação inicial e continuada dos professores.
Manuel Palacios, presidente do Inep, reforçou a perspectiva da pactuação nacional. “O Inep tem coordenado uma série de ações que buscam equalizar e tornar complementares as avaliações estaduais ao Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Nossa intenção é que essa integração, que já foi implementada por meio de acordos e encontros técnicos, nos permitam aprimorar a produção das medidas de desempenho”, disse. “O objetivo é seguir possibilitando que o MEC tenha subsídios para a elaboração de políticas públicas. Mas com dados e métodos de avaliação da educação básica cada vez mais condizentes com a realidade atual”, acrescentou Palacios.
Clara Machado, coordenadora-geral do Saeb, apresentou alguns dos principais indicadores brasileiros no estudo. “Chama a atenção a grande proporção de estudantes concentrados nos níveis considerados de baixo desempenho. E também a pequena concentração de estudantes com alto desempenho. Mas essa proporção de alta performance também é pequena nos países da OCDE”, explicou.
Ela fez um contraponto no que diz respeito ao desempenho do Brasil comparado aos países-membros da entidade que realiza o Pisa, principalmente entre as duas últimas edições da avaliação. “A gente percebe que, em 2022, os países da OCDE registraram uma queda relevante. E isso não aconteceu no Brasil, apesar da situação pandêmica que nós experimentamos nos anos anteriores à aplicação do Pisa”, comentou.
Contextos – Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE, chamou a atenção para o fato de que “os resultados variam de acordo com fatores como a situação econômica e social das famílias”, disse. “Nesse contexto, esperamos que o Pisa seja relevante na construção das políticas que estão sendo empreendidas no Brasil”, acrescentou. “Os dados também mostram que o suporte aos professores é fundamental para essa construção, assim como o aspecto motivacional dos alunos”, ressaltou Cormann.
Segundo Andreas Schleicher, diretor de Educação da OCDE, “o Brasil mostrou resiliência em relação aos impactos da pandemia”. Por outro lado, para ele, há pontos a serem aprimorados no que diz respeito às relações estabelecidas entre alunos, escola e comunidade. “O que acontece na escola tem uma grande influência no bem estar dos alunos”, disse. “É importante despertar o protagonismo deles para a sua educação, ao mesmo tempo em que se faz necessário ter professores que acompanhem as trajetórias desses estudantes, além de fortalecer o envolvimento entre famílias e o ambiente escolar”, afirmou.
Matemática – Em 2022, o Brasil apresentou um desempenho médio de 379 pontos em matemática. A pontuação é inferior à média do Chile (412), Uruguai (409) e Peru (391). Não há diferença estatisticamente significativa entre a média brasileira, da Colômbia (383) e da Argentina (379).
Dos estudantes brasileiros, 73% registraram baixo desempenho nesta disciplina (abaixo do nível 2). Esse nível é considerado pela OCDE o padrão mínimo para que os jovens possam exercer plenamente sua cidadania. Entre os países membros da OCDE, o percentual dos que não atingiram o nível 2 foi de 31%. Apenas 1% dos brasileiros atingiu alto desempenho em matemática (nível 5 ou superior).
Leitura – O Brasil teve o desempenho médio de 410 pontos em leitura. A pontuação é estatisticamente inferior à média do Chile (448) e Uruguai (430), mas superior à da Argentina (401). Não há diferença estatisticamente significativa entre a média brasileira, da Colômbia (409) e do Peru (408).
Dos estudantes brasileiros, 50% tiveram baixo desempenho nesta disciplina (abaixo do nível 2). Entre os países membros da OCDE, o percentual dos que não atingiram este nível foi de 26%. Apenas 2% dos brasileiros atingiram alto desempenho em leitura (nível 5 ou superior). Nos países da OCDE, a concentração foi de 7%.
Ciências – O desempenho médio brasileiro em Ciências foi de 403 pontos, resultado inferior às médias do Chile (444), Uruguai (435) e da Colômbia (411). Na América do Sul, o Brasil fica em último lugar (empatado com Argentina e Peru). Entre os brasileiros, 55% registraram baixo desempenho nesta disciplina (abaixo do nível 2) e 1% atingiu alto desempenho (nível 5 ou superior). Nos países da OCDE, a taxa de baixo desempenho é de 24% e a de alto desempenho, de 7%.
Pisa 2022 – A cada edição, o Pisa avalia um domínio principal. Em 2022, o foco da avaliação foi matemática. Nesse contexto, os estudantes responderam a um maior número de itens no teste desta área do conhecimento. Os questionários também se concentraram na coleta de informações relacionadas à aprendizagem nesta disciplina. A pesquisa avaliou, ainda, domínios chamados inovadores, como Pensamento Criativo e Letramento Financeiro.
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Assessoria de Comunicação Social do Inep