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Inteligência dos EUA sugere que Irã está envolvido no planejamento de ataques no Mar Vermelho

Os Estados Unidos divulgaram, na sexta-feira (22), informações desclassificadas (retiradas de sigilo) recentemente que sugerem que o Irã esteve “profundamente envolvido no planejamento das operações contra navios comerciais no Mar Vermelho”, disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, a Adrienne Watson, à CNN.

Os rebeldes Houthi apoiados pelo Irã lançaram mais de 100 ataques contra cerca de uma dúzia de navios comerciais e mercantes que transitavam pelo Mar Vermelho nas últimas quatro semanas, informou anteriormente a CNN.

As informações de inteligência recentemente desclassificadas sugerem que “o apoio iraniano durante a crise de Gaza permitiu aos Houthis lançar ataques contra Israel e alvos marítimos, embora o Irã tenha frequentemente transferido a autoridade de tomada de decisão operacional para os Houthis”, destacou Watson.

Na terça-feira (19), um militar de alta patente dos EUA afirmou que os iranianos estão operando no Mar Vermelho, após ter sido questionado se o Irã está ajudando os Houthis a selecionar alvos. Mas esse agente pontuou que os ataques Houthi foram amplamente indiscriminados.

“O Irã tem a opção de fornecer ou reter este apoio, sem o qual os Houthis teriam dificuldade em localizar e atacar de maneira eficaz os navios comerciais que navegam nas rotas marítimas através do Mar Vermelho e do Golfo de Aden”, explicou Watson.

A inteligência também sugere que os iranianos forneceram sistemas de monitoramento aos Houthis que permitem operar no espaço marítimo, adicionou a porta-voz.

“A inteligência tática fornecida pelo Irã tem sido fundamental para permitir que os Houthi ataquem embarcações marítimas desde que o grupo iniciou os ataques em novembro”, acrescentou ela.

Os drones e mísseis que os Houthis têm usado para os ataques também foram fornecidos pelo Irã, segundo Watson, como parte do armamento do grupo rebelde pelo Irã desde 2015.

Os EUA lançaram esta semana a Operação Prosperity Guardian, uma coligação marítima que visa reforçar a segurança no sul do Mar Vermelho. Mais de 20 nações aderiram à iniciativa até agora, disse o Pentágono na quinta-feira (22).

A “amplitude muito significativa de ataques” a navios comerciais no Mar Vermelho escalou para um nível não visto em pelo menos “duas gerações”, disse um militar de alta patente dos EUA na terça-feira.

A autoridade descreveu os ataques com mísseis balísticos e drones como uma “grande mudança no ambiente de segurança do que era há dois meses”.

O Mar Vermelho tem uma das rotas comerciais marítimas mais importantes do mundo, e os ataques tiveram grande repercussão, com ao menos 44 países tendo ligações a navios atacados pelos Houthis. Além disso, o comércio internacional em geral foi afetado.

Os ataques aumentaram desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque terrorista de 7 de Outubro que matou cerca de 1.200 pessoas em Israel.

À medida que Israel intensificava a sua ofensiva, os Houthis começaram a atacar navios, que acusavam de apoiar o esforço de guerra de Israel, embora várias empresas atingidas tenham dito que não têm qualquer ligação com Israel ou com a guerra.

Algumas das maiores companhias do mundo, incluindo a gigante petrolífera BP e a empresa de transporte marítimo Maersk, anunciaram que iriam suspender as suas operações no Mar Vermelho devido aos contínuos ataques aos navios nas últimas semanas.

Os preços do petróleo e do gás subiram acentuadamente após o anúncio da BP.

Os Houthis, um dos grupos envolvidos na guerra civil brutal que dura há uma década no Iémen, disseram que os seus ataques são uma retaliação à campanha militar de Israel contra Gaza. No entanto, nem todos os navios visados pelo grupo têm ligações diretas com Israel.

Os Houthis fizeram atualizações graduais em seu armamento e poder de fogo e atacaram navios comerciais usando drones e mísseis anti-navio.

Um porta-voz Houthi afirmou à rede de notícias Al Jazeera no início desta semana que o grupo enfrentaria qualquer coalizão liderada pelos EUA no Mar Vermelho.

*Michael Williams, da CNN, contribuiu para esta reportagem