Invasão dos Três Poderes faz 1 ano nesta 2ª feira (8.jan); atos resultaram em julgamento no STF e CPI no Congresso
O 8 de Janeiro foi marcado pela invasão e depredação do Congresso, STF e Palácio do Planalto e permaneceu latente no debate público e na esfera política em Brasília durante todo o ano de 2023.
Depois que bolsonaristas radicais vandalizaram os prédios da Praça dos Três Poderes, tanto o STF quanto o Congresso Nacional tomaram medidas para investigar os envolvidos.
Ainda em janeiro de 2023, o ministro Alexandre de Moraes determinou o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e a prisão de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) e, na hora dos atos, então secretário de segurança pública do DF. A Corte também começou a julgar os réus por envolvimento no 8 de Janeiro.
Já o Congresso instalou uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar os suspeitos de incitarem e financiarem os atos. No relatório final, congressistas pediram o indiciamento de Jair Bolsonaro e de outros militares.
Leia abaixo um resumo dos desdobramentos:
A LINHA DO TEMPO DOS DESDOBRAMENTOS DO 8 DE JANEIRO EM 2023
8.jan.2023
- bolsonaristas radicais furam o bloqueio policial e invadem e vandalizam o STF, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto;
- o governador Ibaneis Rocha, demite o então secretário de segurança pública do Distrito Federal, Anderson Torres;
- o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assina decreto de intervenção federal. Lula nomeia Ricardo Cappelli como interventor;
- a PF (Polícia Federal) prende 243 pessoas em flagrante dentro dos prédios da Praça dos Três Poderes.
9.jan.2023
- o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determina o afastamento do governador Ibaneis por 90 dias;
- agentes de segurança do Distrito Federal cumprem ordem para desmobilizar o acampamento bolsonarista que estava montado em frente ao Quartal General do Exército. Manifestantes montaram o acampamento no final das eleições para protestar contra a vitória de Lula;
- 1.927 pessoas que estavam acampadas são conduzidas para a ANP (Academia Nacional de Polícia). Do total de pessoas presas, 775 são liberadas (entre elas, idosos e mães de crianças pequenas).
10.jan.2023
- Acusado de omissão, Anderson Torres é preso por determinação de Moraes;
- Bolsonaro compartilha vídeo em seu perfil oficial no Facebook. No vídeo, um procurador do Mato Grosso defende a teoria de que as eleições de 2022 teriam sido fraudadas. O post foi apagado da conta do ex-presidente;
12.jan.2023
- a PF cumpre mandado de busca e apreensão na casa de Anderson Torres. Agentes encontram a “minuta do golpe”, para decretar Estado de Defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e mudar o resultado das eleições de 2022.
18.jan.2023
- a Câmara Legislativa do Distrito Federal instala a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos atos antidemocráticos, para investigar os agentes de segurança acusados de omissão no 8 de Janeiro.
20.jan.2023
- PF deflagra operação “Lesa Pátria” para identificar os envolvidos –executores e financiadores– do 8 de Janeiro.
19.abr.202
- A emissora CNN Brasil divulga imagens do então ministro de Lula, Gonçalves Dias, no Palácio do Planalto durante a invasão. À época, o general era o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional);
- Na mesma data, Gonçalves Dias pede demissão do cargo.
22.abr.2023
- o interventor federal, Ricardo Cappelli, libera para jornalistas as imagens das câmeras de segurança dos prédios da Praça dos Três Poderes durante os atos.
25.mai.2023
- Congresso Nacional instala a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar aqueles que financiaram e incitaram os atos de vandalismo.
18.ago.2023
- a PF (Polícia Federal) prende comandante da PMDF (Polícia Militar do Distrito Federal) e outros oficiais por suposta omissão no 8 de Janeiro.
13.set.2023
- o STF condena Aécio Lúcio Costa, 1º réu do 8 de Janeiro, a 17 anos de prisão.
18.out.2023
- CPMI do 8 de Janeiro chega ao fim. Comissão aprova relatório dos governistas que pede o indiciamento de Bolsonaro, militares e ex-ministros.
20.nov.2023
- Preso pelos atos do 8 de Janeiro, Cleriston Pereira da Cunha tem um mal súbito durante o banho de sol e morre no Complexo Penitenciário da Papuda. Antes da sua morte, a PGR (Procuradoria Geral da República) havia apresentado parecer pela libração do réu, mas o STF ignorou.
4.dez.2023
- A PGR apresenta ao STF uma manifestação em que pede que a Corte estabeleça prazo de 48 horas para que a Meta (controladora do Facebook) disponibilize vídeo compartilhado pelo ex-presidente Bolsonaro, em que ele teria questionado o resultado das eleições de 2022.
14.dez.2023
- A PGR denuncia o 1º suspeito de financiar os atos de 8 de Janeiro. Em petição enviada ao STF, um homem residente de Londrina, no Paraná, foi acusado de oferecer auxílio material e moral ao grupo que invadiu as sedes dos Três Poderes em Brasília.
15.dez.2023
- O MPF diz ter recuperado o vídeo publicado e apagado por Bolsonaro 2 dias depois dos atos do 8 de Janeiro em seu perfil oficial no Facebook;
- O julgamento de mais 30 ações penais que têm como alvo pessoas envolvidas nos atos tem início no plenário virtual. Prazo para os ministros votarem é até 5 de fevereiro.