Melbourne (Austrália) – Dominante pelas oitavas de final do Australian Open, Novak Djokovic cedeu apenas três games ao francês Adrian Mannarino neste domingo em Melbourne. Mas apesar da enorme disparidade no placar, o sérvio revelou ter lidado com uma carga extra de pressão em alguns momentos da partida. Isso porque, ele abriu um duplo 6/0 nas duas primeiras parciais, e o clima do estádio acabou ficando tenso diante da perspectiva de o jogo terminar sem que o francês fizesse um único game. O número 1 do mundo e decacampeão do torneio diz que era difícil manter o foco naquela situação, mas que isso melhorou depois que o rival finalmente confirmou um game de saque no início do terceiro set.
“A tensão no terceiro set hoje foi tão grande, se ele iria ganhar um game ou não. A torcida queria que ele fizesse um game e voltasse para o jogo. Quase senti que seria bom entregar um game, só para poder reiniciar e me reorientar, porque a tensão aumenta à medida que a partida avança sem que ele saísse do zero”, disse Djokovic após a vitória por 6/0, 6/0 e 6/3 sobre Mannarino. “Foi difícil para ele, mas também para mim. Eu não podia pensar no triplo 6/0. Então, sim, fiquei feliz por ter resolvido isso no 1/1 do terceiro set. Isso me ajudou a me concentrar no que preciso fazer para encerrar a partida”.
O sérvio foi perguntado se ele se lembra de ter vivido situação parecida em quadra. “Acho que não estive muitas vezes em situações como esta de hoje, em que abri 6/0 e 6/0. Lembro só de uma minhas primeiras participações em Roland Garros, quando joguei contra o Robby Ginepri, lembro que tinha 6/0, 6/0 e 3/0 até ele fazer um game”, comentou sobre uma partida disputada em 2005 e que terminou com o mesmo placar deste domingo, 6/0, 6/0 e 6/3.
Depois de ter passado por jogos longos nas duas primeiras rodadas, Djokovic está cada vez mais satisfeito com seu nível de tênis. “Acho que joguei muito bem no geral, especialmente nos dois primeiros sets. Na verdade, não queria dar nada de graça desde o início. Apenas o fiz trabalhar em seus games de serviço. Já nos meus games, eu sempre conseguia ganhar pelo menos um ou dois pontos diretamente com meu saque. Fiz mais de 15 aces e também uma porcentagem bastante alta de primeiros serviços”.
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“Foi uma ótima partida contra um adversário sempre complicado, é um jogador muito pouco ortodoxo, que tem um backhand muito reto, usa muito bem seu talento e toque para te deixar em uma posição muito desconfortável na quadra. Ele te faz trabalhar para cada golpe. Mas me preparei muito bem e executei meu plano perfeitamente”, avaliou após sua quinta vitória contra o francês. Ele enfrentará o norte-americano Taylor Fritz nas quartas.
Ao ser perguntado sobre como manter o foco e a motivação em partidas com esse roteiro, ele explicou: “Eu amo o jogo, adoro competir. Sou apaixonado por isso. Trago muita energia e muito entusiasmo nas semanas de treino tentando ficar em forma para para competir com os melhores tenistas do mundo. Estar separado da família me machuca cada vez mais. Essa é a parte com a qual luto mais agora. Tento equilibrar as coisas trabalhando com minha agenda de uma forma e calendário que seja adequado para mim. Acho que conquistei o direito de escolher que tipo de torneio quero jogar”, comenta o jogador de 36 anos.
“Adoro a emoção de enfrentar um break-point ou de ter um break-point. Não sei por quanto tempo esses momentos vão durar. Depende de coisas diferentes. Mas ainda estou aqui, ainda estou me divertindo. Grand Slams são Grand Slams. Não há muita motivação adicional que você precise, além de fazer parte dos torneios mais históricos”, acrescenta o número 1 do mundo, que garante não para de jogar enquanto seguir competitivo.
“Ja falei sobre isso algumas vezes no ano passado. Sinto que, sendo o número 1 e ainda jogando em alto nível, não tenho vontade de deixar o tênis nessa posição. Quero continuar. Quando eu sentir que não sou capaz de competir no mais alto nível com os caras e ser um candidato aos títulos de Grand Slam, então provavelmente considerarei me aposentar. Mas isso pode mudar, obviamente. Não sou mais um adolescente. Tem muitas coisas acontecendo na vida privada fora das quadras que eu gosto, que exigem minha atenção, minha presença, minha energia. Mas ainda sou muito abençoado por estar onde estou. Vamos ver até onde isso vai”.
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