O aniversário da cidade do Rio de Janeiro é comemorado nesta sexta-feira, 1º de março. Mas, apesar de comemorativa, a data não é um feriado municipal, enquanto o dia 20 de janeiro, dia do padroeiro São Sebastião, é. Isso causa confusão entre muita gente, e a origem desse engano pode estar no passado, quando o aniversário trocou de dia.
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Dia 1º de março é feriado no Rio de Janeiro?
Apesar do dia 1º de março ser aniversário do Rio de Janeiro, a data não é um feriado municipal, enquanto o dia 20 de janeiro, dia do padroeiro São Sebastião, é
Por que a data do aniversário do Rio de Janeiro mudou?
Até os anos 1960, a data considerada para o aniversário da cidade era 20 de janeiro. Para além de ser o dia do padroeiro — do lugar que nasceu como o povoamento nomeado de São Sebastião do Rio de Janeiro — a data era celebrada como o dia da vitória portuguesa sobre invasores, o que garantiu a posse do território, em 1567.
Tudo mudou num evento realizado num Maracanãzinho lotado, com 10 mil pessoas, e um bolo de três toneladas — com 200 quilos de glacê — em 1965. Com seus 16 metros de largura e 5 de altura, foi preciso que 200 escoteiros fizessem a distribuição da guloseima.
Na ocasião, o então governador Carlos Lacerda foi o responsável por assoprar as velas do bolo, e aquele evento consolidou que o dia 1º de março de 1565 — data do desembarque dos portugueses na Urca, para expulsar tropas francesas — passasse a ser considerado o dia do “nascimento” da cidade.
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Comemoração dos 400 anos de São Paulo acendeu dúvida sobre quando comemorar a data no Rio
Rio de Janeiro é como os navegadores portugueses chamaram a Baía de Guanabara quando aqui chegaram pela primeira vez, em 1º de janeiro de 1502. Mas os gajos não deram muita importância ao lugar e só voltaram de forma definitiva a estas bandas no tal 1º de março de 1565, já com a missão de expulsar de terras cariocas uma colônia estrangeira: a França Antártica.
O tal desembarque, entre o Pão de Açúcar e o Morro Cara de Cão, foi registrado pelo padre José de Anchieta numa carta. “Começaram a roçar em terra com grande fervor e cortar madeira para a cerca, sem querer saber dos tamoios, nem dos franceses”, escreveu o jesuíta. Foi quando o novo povoamento recebeu o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro, em honra do rei de Portugal na época — o lendário Dom Sebastião (1554-1578).
Contudo, a carta de Anchieta, único registro oficial do acontecimento, só chegou ao conhecimento geral na década de 1920. Durante o intervalo de quatro séculos, ficou valendo aquele 20 de janeiro de 1567, quando as tropas de Estácio de Sá subjugaram os franceses, na época aliados aos indígenas Tamoios.
Na década de 1920, a “descoberta” das cartas de Anchieta levantou a discussão sobre a fundação do Rio. Mas ainda foi preciso ainda um fator externo. Em 1954, São Paulo comemorou 400 anos. E aí veio a questão: quando o Rio seria quatrocentão? Considerando o desembarque, seria 1965. Valendo a vitória sobre os franceses, seria 1967. Uma comissão optou pelo desembarque, decisão ratificada por Carlos Lacerda, que via o IV Centenário do Rio como vitrine para uma possível candidatura à Presidência.