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Anvisa barra chip da beleza no Brasil; saiba mais

Nesta sexta-feira (18), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a manipulação, comercialização, propaganda e uso dos implantes hormonais manipulados, popularmente conhecidos como chips da beleza.

De acordo com o órgão, a medida veio por conta de denúncias advindas de entidades médicas. Várias associações do setor veicularam que os implantes vinham sendo utilizados de forma indevida no País.

O g1 trouxe, em dezembro passado, que sete entidades médicas mostraram-se preocupadas com a questão e enviaram carta à Anvisa solicitando providências a respeito.

Segundo essas instituições, houve alta no atendimento de pacientes com problemas após utilizarem os implantes que misturam vários hormônios.

Chip da beleza
Não há provas científicas de que os implantes funcionam como emagrecedores (Imagem: Celso Pupo/Shutterstock)

A Anvisa também divulgou alerta sobre o uso dos chips da beleza: “Implantes hormonais para fins estéticos e de desempenho podem ser prejudiciais à saúde, além de não haver comprovação de segurança e eficácia para essas finalidades.”

Ainda nesta sexta-feira (18), a determinação da agência será publicada no Diário Oficial da União (DOU).

O que é o chip da beleza e quais são seus perigos?

  • O chip da beleza, como foi apelidado, é uma terapia hormonal para fins estéticos, mas seu uso também é direcionado para tratamento de sintomas da menstruação e menopausa;
  • Eles já estavam sob proibição do Conselho Federal de Medicina (CFM) por conta de seus riscos à saúde;
  • Os implantes são aplicados de forma subcutânea e liberam certo hormônio de forma lenta no organismo;
  • São vários os implantes disponíveis no mercado, mas o que é chamado de chip da beleza carrega o hormônio sintético da progesterona chamado de gestrinona. Ele faz com que a testosterona (hormônio masculino) aumente;
  • Como não há evidências científicas, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) diz não haver recomendação médica para uso dos implantes, “seja com a finalidade de realizar a terapêutica hormonal da menopausa ou anticoncepção, por escassez de dados de segurança, especialmente de longo prazo”;
  • Quanto aos principais efeitos colaterais e riscos advindos do chip da beleza, estão os seguintes (segundo a Anvisa):
    • Elevação do colesterol e triglicerídeos no sangue;
    • Hipertensão arterial;
    • Acidente vascular cerebral (AVC);
    • Arritmia cardíaca;
    • Crescimento excessivo de pelos em mulheres;
    • Queda de cabelo;
    • Acne;
    • Alteração na voz;
    • Insônia;
    • Agitação.

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Exemplo de mau uso do implante hormonal

Em dezembro de 2023, uma jovem de cerca de 20 anos foi internada em estado grave em São Paulo e desenvolveu um edema cerebral 24 horas após aplicar dois implantes, que continham ciproterona, gestrinona, testosterona e ocitocina.

A ocitocina, por exemplo, conhecida como hormônio do amor, é produzida pela hipófise e é antidiurética, agindo para manter o equilíbrio da água e do sódio. Uma vez que o corpo possui níveis de hormônios acima dos normais, o corpo acumula água, fazendo com que o sódio no sangue diminua e cause intoxicação por água.

Reprodução de informações do caso e do conteúdo no implante
Caso viralizou em dezembro do ano passado (Imagem: Reprodução/Instagram)

Esse hormônio em particular começou a ser utilizado no chip da beleza por, supostamente, auxiliar no emagrecimento. Contudo, não existem pesquisas que comprovem sua eficácia no tratamento de obesidade, ansiedade ou falta de libido.

As entidades médicas realizaram o alerta à Anvisa semanas após o ocorrido com a jovem. Elas afirmam que tais implantes se popularizaram sem quaisquer respaldos éticos e científicos.

Além disso, eles costumam conter esteroides anabolizantes e são vendidos como parte de estratégias que visam exaltar o “corpo perfeito” e um estilo de vida saudável.