Quem nunca quis apagar uma memória ruim do cérebro? Aposto que alguns sentimentos negativos poderiam simplesmente deixar de existir. No caso de uma nova descoberta, não é uma emoção que é evitada, mas sim um efeito colateral do tratamento do Parkinson.
Embora promissor, um medicamento para aliviar a gravidade da doença pode, ao longo do tempo, provocar tremores indesejados. Pesquisadores da Universidade do Alabama em Birmingham (UAB) descobriram que bloquear a formação de “memórias ruins” é uma solução para prevenir esse problema.
Como apagar memórias pode evitar efeitos colaterais do tratamento do Parkinson?
- O L-DOPA é um medicamento para tratar o Parkinson que pode levar a discinesia, uma condição em que a pessoa afetada não consegue controlar certos movimentos e sofre com espasmos e tremores.
- A equipe de pesquisa queria entender por que isso acontecia para encontrar uma forma de prevenir o efeito.
- Durante investigações com ratos de laboratório, os pesquisadores encontraram uma atividade intensa em uma área do cérebro responsável pelo controle motor.
- Neurônios específicos, chamados D1-MSNs, estavam sendo ativados pelo L-DOPA e formando novas conexões, um processo muito semelhante à formação de memórias.
- Um gene expresso por esses neurônios produziu uma proteína chamada Activina A. Ao bloqueá-la, a discinesia também parou de surgir nos animais.
- Ou seja, ao bloquear o mecanismo por trás da formação de memória motora, os cientistas conseguiram evitar o aparecimento do efeito colateral.
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É preciso confirmar os resultados em humanos
A neurologista Karen Jaunarajs explica que, de acordo com o artigo da UAB, quando pacientes usam L-DOPA, o cérebro parece criar uma “memória” dos movimentos, o que causa efeitos colaterais, como movimentos involuntários. Ela e sua equipe conseguiram interromper esse problema em camundongos ao bloquear a proteína específica, o que ajudou a evitar esses sintomas.
Em essência, ao proibir o funcionamento da Activina A, fomos capazes de interromper o desenvolvimento de sintomas de discinesia nos modelos de camundongos, apagando efetivamente a memória do cérebro sobre a resposta motora ao L-DOPA.
Karen Jaunarajs para o portal da UAB
Embora esses resultados sejam promissores, eles ainda precisam ser confirmados em humanos. Se isso funcionar, pode permitir que os pacientes usem L-DOPA por mais tempo sem os efeitos colaterais indesejados.
A pesquisa foi publicada no Journal of Neuroscience