Um relatório recentemente divulgado pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) expôs detalhes de um incidente crítico ocorrido no Aeroporto de Congonhas, São Paulo, em dezembro de 2020. Dois aviões, um Embraer ERJ-195 da Azul e um Boeing 737 da Gol, ficaram a apenas 21,7 metros de colisão em plena pista.
A falha foi classificada como um “incidente grave” e envolveu lapsos de atenção e problemas de comunicação entre a Torre de Controle e as aeronaves. No total, 231 passageiros e 11 tripulantes estavam a bordo das duas aeronaves, e a rápida manobra de arremetida impediu uma possível tragédia.
O que aconteceu no dia 3 de dezembro de 2020?
- Segundo o relatório, o voo da Azul, um Embraer ERJ-195, procedente do Rio de Janeiro, se aproximava para pouso em Congonhas.
- Enquanto isso, um Boeing 737 da Gol estava alinhado e aguardando autorização para decolar.
- O controlador, apesar de um questionamento do piloto sobre outra aeronave na pista, autorizou o pouso.
- Em um momento de tensão, o piloto do avião que aterrissava (da Azul) foi instruído a abortar a manobra, passando a apenas 21,7 metros acima da aeronave da Gol.
Diálogo de última hora evitou possível acidente grave em Congonhas
O voo da Azul se aproximava para pouso em Congonhas quando o piloto observou a presença de uma aeronave na pista e alertou a Torre de Controle, questionando: “Confirmando, tem uma aeronave na pista aí, controle?”. Mesmo assim, o controlador autorizou o pouso. Segundos depois, ao perceber a iminência de uma colisão, o controlador instruiu o piloto a abortar o pouso e arremeter.
Nesse momento, o Embraer da Azul estava a uma altura de apenas 113 pés (cerca de 34 metros) e a uma velocidade de 122 nós (aproximadamente 225 km/h), a seis segundos de tocar o solo. A aeronave da Gol, que aguardava decolagem, tem 12,5 metros de altura, o que significou uma separação vertical de apenas 21,7 metros entre as duas.
A investigação revelou que a Torre de Controle enfrentava baixa demanda de voos devido à pandemia de Covid-19, o que, segundo o controlador, poderia ter reduzido seu estado de alerta. Além disso, ele admitiu que enfrentava problemas pessoais e falta de qualidade de sono, fatores que podem ter contribuído para o lapso de atenção.
Embora a visibilidade estivesse boa, a posição da torre e a presença de pilastras dificultavam a visão completa da cabeceira da pista, o que pode ter agravado a situação.
Leia mais:
Conclusões e recomendações do Cenipa
O Cenipa identificou a ausência de uma varredura visual completa da pista como um dos fatores principais para o incidente. Após o ocorrido, tanto o controlador quanto o supervisor foram afastados e tiveram suas certificações suspensas.
O órgão recomendou melhorias no sistema de controle e maior atenção a fatores humanos que podem afetar a atenção dos controladores. O relatório sugeriu, ainda, a revisão das condições estruturais da torre e da visibilidade nas áreas mais críticas do aeroporto.