“Família, família, vive junto todo dia, nunca perde essa mania” já cantavam os Titãs. Na indústria automotiva, esse refrão faz ainda mais sentido. Famílias de carros compartilham a mesma arquitetura e convivem diariamente na mesma linha de montagem e até na fábrica.
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No Dia Internacional da Família, comemorado em 8 de dezembro, vamos mostrar e relembrar famílias de carros que talvez você nem conhecesse. São modelos que vivem sob o mesmo teto e sobre a mesma plataforma, alguns bem parecidos, outros bem diferentes e de marcas distintas.
Volkswagen Virtus e T-Cross
O primeiro SUV compacto da Volkswagen no Brasil nasceu quase que junto com o sedã. O Virtus foi lançado em janeiro de 2018 e o T-Cross em fevereiro do ano seguinte.
Os dois usam a plataforma MQB. Tudo bem que a versátil Modular Querbaukasten do Grupo VW serve desde o Polo até sedãs e utilitários grandes da Audi. Mas, no caso do T-Cross, a base foi a do Virtus em nome de um espaço interno maior.
Apesar de serem da mesma família, os dois modelos vivem em casas separadas. O T-Cross é feito em São José dos Pinhais (PR), enquanto o Virtus é produzido na unidade Anchieta, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
Fiat Cronos e Fastback
Aqui foi a mesma lógica da VW. A Fiat pegou o Cronos para servir como base para seu SUV compacto acupezado. Isso assegurou ao Fastback um interessante espaço interno e um gigante porta-malas de mais de 500 litros – que só perde em volume para o sedã.
Apesar de a marca italiana falar que são plataformas diferentes, a arquitetura MP-S da dupla é uma derivação da MLA, de Argo e Pulse. Cronos e Fastback são feitos em Betim (MG) e compartilham vários componentes, como a folha das portas traseiras, retrovisores, volante e maçanetas.
Chevrolet Tracker e Montana
A General Motors buscou uma solução rápida e “barata” para criar uma rival para a Fiat Toro. Pegou a arquitetura GEM do Tracker, de origem chinesa e lançada em 2018 para mercados emergentes, para desenvolver a nova Montana.
A terceira geração da picape da Chevrolet cresceu para brigar com o exemplar da Fiat e herdou os mesmos motores do SUV compacto. Além disso, os modelos feitos em São Caetano do Sul (SP) compartilham bancos da frente e painéis das portas dianteiras, além de detalhes como piscas, comandos, retrovisor interno e para-sóis.
A plataforma compacta GEM também é a mesma usada pela segunda geração da linha Onix em Gravataí (RS). Quadro de instrumentos e volante da Montana, inclusive, são os mesmos do hatch e do sedã.
Dodge Journey e Fiat Freemont
Em 2011 a FCA – Fiat Chrysler Automóveis já era realidade e seu primeiro produto “conjunto” foi o Freemont. Na verdade, a parte italiana da holding pegou o Dodge Journey e transformou em um SUV médio de 7 lugares.
Os dois modelos eram bem parecidos, mas a Dofge fez uma remodelação no Journey naquele mesmo ano para dar um ar mais sofisticado. O acabamento interno também era mais caprichado e os motores V6 evidenciaram os posicionamentos diferentes – o Freemont ficou com o 2.4 quatro cilindros do PT Cruiser.
Peugeot 208 e Citroën C3 e C3 Aircross
Em 2020, a então PSA Peugeot Citroën começou a produzir a segunda geração do 208 em El Palomar, na Argentina. A Citroen aproveitou que o projeto indiano do novo C3 usava uma variante simplificada da arquitetura CMP – de Common Modular Platform – para traçar a renovação de sua linha no país.
Começou com a terceira geração do C3, lançada em outubro de 2022, com jeito de hatch altinho. O segundo produto foi apresentado recentemente, o C3 Aircross, SUV compacto de 7 lugares. E o terceiro, um crossover cupê, deve aparecer em 2025. Todos os modelos Citroën são feitos em Porto Real (RJ).
Ford Fiesta e EcoSport
Esses foram um dos primeiros carros da mesma família a evidenciar o sucesso desse tipo de sinergia. No fim dos anos 1990 a Ford começou a preparar a produção do novo Fiesta em Camaçari (BA), mas resolveu ir além e criar um novo e revolucionário segmento a partir da plataforma do hatch.
O Projeto Amazon contemplava, além do Fiesta e sua variante sedã, un SUV compacto, barato, genuinamente urbano e sem qualquer pretensão fora de estrada. Depois de peitar a matriz, a Ford lançou o EcoSport em 2003, um ano depois do Fiesta, e também feito na unidade baiana.
Projeto simples, o Eco nada mais era que um Fiesta alto. Compartilhava diversos componentes com o hatch, e a cabine era quase uma cópia. Fez um sucesso estrondoso e mudou os rumos da indústria global, que hoje só quer saber de fazer SUV urbano.
Volkswagen Polo e Nivus
A VW demorou a se mexer no segmento de SUVs compactos, mas quando se mexeu veio logo com dois produtos fortes. Dois anos depois do lançamento do T-Cross, a marca alemã apresentou, em 2020, o Nivus, primeiro SUV-cupê fora do mercado premium.
O carro cegou com uma proposta bem distinta do T-Cross. Apesar da mesma arquitetura MQB-A0, adotou a base do Polo. Isso resultou em posição de dirigir mais baixa e um porta-malas bem maior que o do T-Cross. Em compensação, o espaço no banco traseiro do Nivus é menor.
Nissan Frontier e Renault Alaskan
Em 2018, a aliança global entre Renault e Nissan anunciou uma nova leva de picapes médias. Da mesma base seriam produzidas a nova Nissan Frontier, a inédita Renault Alaskan, uma nova Mitsubishi L200 (a Nissan tinha acabado de adquirir a conterrânea) e a Mercedes-Benz Classe X, fruto de uma parceria com a Daimler.
A japonesa foi a primeira a se mexer. Em 2020, lançou a nova geração da Frontier na planta de Santa Isabel, em Córdoba, Argentina. Em 2021, a Renault passou a fazer a Alaskan sobre a mesma arquitetura. A Classe X, como todos lembram, micou e sequer entrou em produção no Mercosul.
Fiat Argo e Pulse deviam comemorar o Dia da Família
O primeiro jipinho compacto da Fiat deixa o pessoal da marca chateado. É que o Pulse nada mais é que um SUV do Argo, o que faza engenharia da marca italiana em Betim (MG) ficar meio possessa.
Ok, o SUV tem um esquema de suspensões diferente do hatch. O jogo McPherson na frente e eixo de torção atrás é o mesmo, mas travessas, barras, bandejas e bucha, assim como ângulos e pontos de ancoragem, são distintos.
Além disso, a Stellantis diz que a parte inferior do monobloco ten novo layout de travessas e longarinas e seções maiores, que prometem melhor rigidez estrutural. Dentro, o Pulse lançado em 2021 tem volante do Argo (o miolo é diferente), quadro de instrumentos da Toro 2022 e central multimídia do Jeep Compass.
Mitsubishi Outlander, Peugeot 4007 e Citroën C-Cross
Os primeiros SUVs das marcas francesas nasceram em 2007 graças a uma parceria da PSA com a Mitsubishi. A segunda geração do Outlander originou uma família composta pelo Peugeot 4007 e o Citroën C-Crosser.
Produzidos no Japão, os SUVs se diferenciavam especialmente no desenho dianteiro. As laterais eram idênticas, assim como a cabine – as peças eram todas iguais e só mudava mesmo o emblema no volante.
A primeira aventura de Peugeot e Citroën com SUVs, porém, foi um fracasso. Os modelos das marcas francesas venderam muito pouco e deixaram de ser oferecidos em 2012. A PSA ainda manteve a parceria, mas o modelo base passou a ser o ASX, menor que o Outlander.
Dali surgiram o 4008 e o C4 Aircross. As vendas dos familiares franceses, porém, continuaram pífias. A produção durou de 2013 a 2017.
Bônus: Jeep Renegade, Compass, Commander, Fiat Toro e Ram Rampage…
Talvez a família de carros de maior eficiência e sucesso dos últimos tempos na indústria automotiva. Tudo começou com o Jeep Renegade, que estreou a plataforma Small Wild na nova fábrica da então FCA em Goiana (PE), em 2015. Un ano depois, da mesma base surgiram a picape Fiat Toro e o SUV médio Jeep Compass.
Em 2021, foi a vez do primeiro Jeep de 7 lugares, o Commander, derivado do Compass e mais um a usar a arquitetura. Mais recentemente, em 2023, a plataforma originou a primeira Ram nacional, a Rampage.
Apesar do porte maior e do acabamento bem mais caprichado, a Rampage não nega as origens da Toro. As portas dianteiras são iguais e o layout out da cabine também, além de existirem vários botões iguais entre as picapes.
O detalhe é que toda essa família feita em Pernambuco é um sucesso estrondoso de vendas. E a fábrica agora se vê em meio à polêmica da prorrogação dos incentivos fiscais a montadoras instaladas na região Nordeste, com direito à chiadeira pública de três grandes montadoras contra os benefícios que a Stellantis tem na região.
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