A infância é uma fase decisiva na formação de qualquer pessoa. Não à toa, cientistas buscam entender o que acontece no cérebro dos indivíduos quando ainda são bebês. Atualmente, as tecnologias de mapeamento cerebral não permitem que a ciência explore toda a extensão da mente deles, mas um novo dispositivo pode mudar isso.
Um estudo conduzido por pesquisadores da University College London e da Birkbeck, em parceria com a subsidiária Gowerlabs, desenvolveu um capacete vestível que mapeia o cérebro por meio de ondas de luz, descobrindo novas informações sobre como funciona a mente dos bebês.
Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Imaging Neuroscience.
Uma nova forma de mapear o cérebro humano
- Para “escanear” um cérebro humano, os médicos utilizam a ressonância magnética (RM), que exige que a pessoa fique imóvel dentro do dispositivo.
- Isso impede que os cientistas compreendam o que está acontecendo no cérebro enquanto interagimos com o mundo, já que o paciente fica isolado.
- O novo dispositivo vestível, que lembra um capacete, foi criado para contornar esse problema e utiliza uma forma diferente de neuroimagem, chamada de tomografia óptica difusa de alta densidade (HD-DOT).
- Em termos básicos, o capacete emite ondas de luz no couro cabeludo que geram algo próximo de um reflexo, criando imagens detalhadas da atividade cerebral.
- A versão anterior do dispositivo conseguia medir a atividade cerebral em uma ou duas áreas específicas do cérebro por vez, o que dificultava a investigação.
- Mas a nova versão escaneia toda a superfície externa do cérebro, possibilitando observar diferentes áreas simultaneamente enquanto o bebê recebe estímulos.
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Novo dispositivo permitiu descoberta sobre a mente dos bebês
O capacete foi testado em dezesseis bebês entre 5 e 7 meses de vida, enquanto recebiam diferentes estímulos visuais de vídeos com atores cantando canções de ninar e brinquedos em movimento. Esta é a primeira vez que foi possível realizar um mapeamento extenso do cérebro em um contexto em que a criança interage com situações externas.
As informações reveladas pelo dispositivo mostraram uma atividade inesperada no córtex pré-frontal dos bebês. Essa área, responsável por processar nossas emoções, respondeu aos cenários de estímulos sociais — por exemplo, quando alguém canta para o bebê. A descoberta confirma que, a partir dos cinco meses de vida, as crianças já começam a decifrar situações de interação social.
Além disso, o estudo encontrou diferenças claras na atividade cerebral entre estímulos sociais e não sociais. A atividade cerebral em respostas sociais, inclusive, foi mais intensa.
A invenção promete avanços no campo
O dispositivo é bem menor do que uma máquina de ressonância magnética comum e pode ser levado e utilizado em diversos cenários de estudo com mais praticidade, sem perder precisão. Isso é uma grande vantagem quando o assunto é entender o cérebro dos bebês. Por isso, os pesquisadores acreditam que a tecnologia permitirá grandes avanços no campo do desenvolvimento infantil e da neurociência.
No futuro, será possível mapear melhor as conexões entre diferentes regiões do cérebro, entender o que distingue o desenvolvimento típico do atípico e, possivelmente, identificar cedo condições como autismo, dislexia e TDAH — tudo isso com menor custo financeiro e maior facilidade.
Poderemos ver o que acontece no cérebro dos bebês enquanto eles brincam, aprendem e interagem com outras pessoas de uma forma muito natural
Emily Jones, autora do estudo, ao Medical Xpress