Nota da Oprah
Uma das muitas coisas que ganhei ao fazer The Oprah Winfrey Show durante vinte e cinco anos foi um lugar na primeira fila para toda a espécie de infelicidade. E quando digo de toda a espécie, refiro‑me mesmo a toda. Os meus convidados incluíam pessoas destruídas por tragédias, traições ou profundas desilusões. Pessoas zangadas e pessoas que guardavam rancor. Pessoas cheias de arrependimento e culpa, vergonha e medo. Pessoas que faziam tudo o que estivesse ao seu alcance para entorpecer a sua infelicidade, mas que, mesmo assim, acordavam todos os dias infelizes.
Testemunhei também muita felicidade. Pessoas que tinham encontrado o amor e a amizade. Pessoas que usavam os seus talentos e habilidades para fazer coisas boas. Pessoas que colhiam os frutos do altruísmo e da generosidade, incluindo uma que até doou um rim a um desconhecido que conhecera recentemente. Pessoas com um lado espiritual que trouxe um significado mais rico às suas vidas. Pessoas a quem foi dada uma segunda oportunidade.
No que diz respeito ao público, os convidados infelizes provocavam geralmente empatia; os felizes, admiração (e talvez uma pontada de inveja melancólica). E depois havia uma terceira categoria de convidados, de quem o público não sabia o que pensar, mas que o inspirava genuinamente: pessoas que tinham todas as razões para serem infelizes e, contudo, não o eram. Os copos meio cheios, que veem o lado bom, os males que vêm por bem, que fazem as proverbiais limonadas. Os Mattie Stepaneks, que é como passei a pensar neles; Mattie Stepanek era um menino que tinha uma forma rara e fatal de distrofia muscular, chamada miopatia mitocondrial disautonómica, mas conseguia encontrar paz em todas as coisas e brincar depois de cada tempestade.
Escreveu poemas encantadores, era sábio muito para além da sua idade e foi o primeiro convidado de quem me tornei amiga, fora do programa. Costumava chamar‑lhe «o meu rapaz anjo».
Como podia um menino com uma doença fatal ser tão feliz como o Mattie era? E o mesmo se passava com uma mãe, cheia de paz, propósito e alegria, enquanto se preparava para morrer, gravando centenas de cassetes para a filha de seis anos sobre como viver. E a mulher zimbabueana que se casou aos onze anos e foi espancada diariamente mas, em vez de ceder ao desespero, manteve a esperança, estabeleceu objetivos secretos e acabou por alcançá‑los, incluindo fazer um doutoramento.
Como é que estas pessoas conseguiam sair da cama de manhã, quanto mais ser tamanhos raios de luz? Como faziam? Nasceram assim? Haveria um segredo ou um padrão de desenvolvimento que o resto do mundo deveria conhecer? Porque acreditem, se existisse tal coisa, o mundo haveria, sem dúvida, de querer saber. Nos meus vinte e cinco anos de programa, se houve coisa que quase todas as pessoas, em todos os públicos, tinham em comum, era o desejo de ser feliz. Tal como disse antes, depois de cada programa, conversava sempre com o público e perguntava‑lhes o que mais queriam na vida. Ser feliz, diziam.
Só que, como também já disse antes, quando perguntava o que era a felicidade, de repente as pessoas já não tinham a
certeza. Começavam a balbuciar e acabavam por dizer «perder x quilos» ou «ter dinheiro suficiente para pagar as contas» ou «os meus filhos, eu só quero que os meus filhos sejam felizes».
Portanto, tinham objetivos, ou desejos, mas não conseguiam formular o que era para eles a felicidade. Raramente alguém tinha uma resposta concreta.
Este livro tem a resposta, porque Arthur Brooks estudou, pesquisou e viveu a resposta. Deparei‑me pela primeira vez com o Arthur através da sua coluna na revista The Atlantic, «How to Build a Life», «Como Construir uma Vida». Comecei a lê‑la durante a pandemia e rapidamente se tornou algo pelo qual ansiava todas as semanas, porque era sobre tudo aquilo que sempre me importou mais: viver uma vida com propósito e significado.Então li o seu livro From Strength to Strength, um guia notável para se ser mais feliz à medida que se envelhece. Este homem estava a cantar a minha canção.
Estava claro que tinha de falar com ele. E quando o fiz, percebi imediatamente que, se ainda estivesse a fazer The Oprah Winfrey Show, estaria sempre a chamá‑lo – ele tinha algo de relevante e revelador que contribuía para quase todos os temas que discutimos. O Arthur emana um tipo de confiança e certeza sobre o significado da felicidade que é ao mesmo tempo reconfortante e galvanizante. Tem a capacidade de falar, tanto de forma geral como de forma específica, sobre as mesmas coisas de que eu falo há anos: como se transformar no seu melhor «eu», como se tornar um ser humano melhor.
Portanto, eu soube, desde o início, que, de alguma maneira, acabaria por trabalhar com ele. Este livro é essa maneira.