Nesta semana, um documento sobre o estádio do Coritiba, o Couto Pereira, repercutiu entre os torcedores nas redes sociais. O laudo de engenharia, disponibilizado pela Federação Paranaense de Futebol (FPF), cita pontos críticos e chega a sugerir a demolição das lajes e vigas da cobertura de um dos setores do estádio.
Os trechos do documento de 92 páginas circularam nas redes sociais, causando certo pânico em torcedores. Alguns chegaram a questionar a segurança do estádio que, além dos jogos do Coxa, tem recebido partidas do Grêmio e, frequentemente, é sede de shows e eventos.
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O laudo traz dois pontos considerados de risco crítico no Couto: a marquise que cobre o Setor Social e as arquibancadas do terceiro anel, nas curvas do estádio.
O UmDois Esportes conversou com o responsável pelo laudo, o engenheiro Mateus de Azevedo Barão, da empresa Barão Engenharia. O profissional afirmou que o estádio segue seguro para ser frequentado e explicou que chegou aos pontos de risco com base em outros estudos feitos ao longo de anos.
“Recebi alguns trechos do relatório nos grupos, estão circulando. Sem contexto, parece que precisa colocar o estádio abaixo. Mas eu cheguei àquela conclusão baseado em estudos de estrutura do estádio, que mostra aquelas necessidades de manutenção”, explicou o profissional.
“No setor das marquises, por exemplo, existe um risco de descolamento. O que não quer dizer que vai cair tudo, mas sim descolar algumas placas. E, por enquanto, a rede protege, mas existe a necessidade de manutenção”, disse Barão.
Não há risco de colapso do Couto Pereira, diz engenheiro
O engenheiro Fabiano Romanel, do canal Engenheiros do Coritiba, explica que o laudo de engenharia é um documento que ajuda o a guiar o clube em possíveis reformas e manutenções.
“Tem que tomar muito cuidado quando se lê um laudo, que não é nem pericial, é de manifestação patológica. Primeiro, porque é um laudo obrigatório. A cada dois anos a FPF pede um laudo desse para garantir a segurança das pessoas. Não é à toa que ele foi aprovado. Tudo bem que com restrições, mas até o ano que vem, está tudo certo”, afirma.
O engenheiro diz ainda que não há risco algum de frequentar o Couto, mesmo com os pontos de atenção.
“Esse laudo é importante justamente para criar um plano de manutenção e começar a tratar os pontos de uma forma que não venha a acontecer um problema. Não tem nada demais, o pessoal pode ir para o estádio, pode continuar nas sociais, que não vai cair”, explica.
Descolamento no Setor Social do Couto
O trecho que mais chama atenção em relação ao laudo de engenharia é o que cita o Setor Social do estádio. Segundo o documento, há um risco nas lajes e vigas da marquise deste setor. Atualmente, há uma rede no local, que impede que algum sedimento caia nos frequentadores.
O laudo escreve: “Recomendação de demolição total destas peças, mantendo-se apenas as vigas longitudinais pertencentes aos pórticos principais de apoio da cobertura para fixação de peças estruturais leves, como elementos metálicos ou membranas”.
Romanel explica que o risco não é de queda total da cobertura, mas sim de pequenos sedimentos do concreto. Por isso, diz, foi colocada a rede no setor.
“O que está acontecendo é que alguns pontos, devido a infiltração, estão desplacando. A gente prova isso com aquela rede [no Setor Social, justamente para não cair as pedrinhas de concreto e não acertar alguém. Mas não significa que vai cair aquilo. Não tem risco de colapso de forma nenhuma. No laudo, é muito bem claro”, explica Romanel.
Imagens do Couto Pereira viralizaram nas redes
Com os jogos do Grêmio no Couto Pereira, algumas imagens das juntas de dilatação do estádio voltaram a viralizar nas redes. Antes, no Atletiba, em fevereiro, um vídeo já tinha repercutido.
O relatório chega a citar as juntas de ditalação e aponta riscos médios, sem a necessidade de uma manutenção severa, mas que pedem atenção.
“O estádio do Coritiba é um estádio de mais de 70 anos. Chega uma hora que precisamos de um plano de manutenção periódico por se tratar de uma estrutura que é altamente utilizada, trabalha com vibração. Aquilo chacoalha e treme”, afirma Romanel.
“O pessoal do Grêmio até fez um vídeo. A estrutura é feita para isso, tem que ter isso senão pode realmente ter um problema. São as famosas juntas de dilatação. E o Coritiba com certeza tem um plano, tem um escritório de estruturas que monitora”, completa o engenheiro.
Coritiba se posicionou
O clube enviou uma nota em que se posiciona sobre a situação do Couto Pereira. O Alviverde cita os alvarás e laudos de estabilidade estrutural. O Coxa ainda afirma que a fase de limpeza do estádio está em reta final e que o estádio passará por uma pintura global.
“O Coritiba esclarece que o Estádio Couto Pereira dispõe de todas as licenças, alvarás e laudos necessários (inclusive complementares) para sua adequada operação e garantia de segurança do público. Todos estão em dia e em pleno vigor nos termos da legislação aplicável à matéria.
O Clube possui ainda Laudos de Estabilidade Estrutural e de Engenharia atestando a segura utilização do equipamento.
Vale ressaltar que, recentemente e de forma espontânea, foi contratado estudo independente junto à empresa especializada, cujo laudo emitido atesta a segurança estrutural do estádio.
Independente disto, o Coritiba já está adotando medidas complementares, visando elevar o nível de segurança e de conforto ao público durante a realização das partidas.
Por fim, está em fase de execução o projeto de limpeza geral do Couto Pereira para que, em ato contínuo, seja realizada a etapa de pintura global”, escreve o clube.