O dólar à vista ampliou alta na tarde desta terça-feira (16), renovando suas máximas em mais de um ano e voltando a preços de março de 2023. Na máxima da sessão, se aproximou dos R$ 5,29, indo aos R$ 5,287.
O preço atual só perde para a cotação do dólar dos primeiros dias do atual governo do presidente Lula, quando a moeda deu um salto indo à faixa dos R$ 5,45, logo no começo de janeiro de 2023.
A movimentação representa a quarta alta consecutiva perante o real, chegando ao maior patamar desde março passado. Segundo a Reuters, operadores do mercado já cogitam a possibilidade de o BC voltar a intervir no câmbio, assim como fez no começo do mês.
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Se ontem a moeda foi puxada por dados do varejo nos EUA, hoje o que traz a valorização são os temores sobre próximos movimentos do Federal Reserve, a repercussão ainda da meta de superávit primário no Brasil e as possíveis tensões no Oriente Médio.
Investidores estarão atentos a pistas do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, que fala ainda nesta terça-feira, em seus primeiros comentários desde que os dados de inflação dos EUA na semana passada foram mais fortes do que o esperado.
No Brasil, além dos olhares voltados para possíveis falas de Fernando Haddad em Washington, o Banco Central fará neste pregão leilão de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de julho de 2024.
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Qual a cotação do dólar hoje?
Às 13h35, o dólar à vista tem alta de 1,57%, a R$ 5,267 na compra e R$ 5,266 na venda. No mesmo horário, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia de 1,53%, aos 5.274 pontos.
Dólar comercial
- Venda: R$ 5,267
- Compra: R$ 5,266
- Máxima: R$ 5,287
- Mínima: R$ 5,199
Dólar turismo
- Venda: R$ 5,487
- Compra: R$ 5,307
Leia mais: Tipos de dólar: conheça os principais e qual a importância dessa moeda
O dólar atingiu um pico em cinco meses em relação à libra e ao euro nesta terça-feira, um dia depois que dados mais fortes do que o esperado de vendas no varejo dos Estados Unidos elevaram os rendimentos dos Treasuries, aumentando as preocupações de uma intervenção de Tóquio já que o iene permanece em seu nível mais baixo desde 1990.
“Nesta manhã caminhamos para o que pode ser mais um dia difícil para o real brasileiro”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, destacando a frustração dos mercados com a decisão do governo de afrouxar a meta de resultado primário para zero para o próximo ano, em uma redução do esforço anunciado anteriormente, que previa superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
“A gente já sabia que (o governo) faria isso, mas o fato de ter feito finalmente começa a destravar uma percepção de que o governo estaria disposto a encorrer em revisões de meta para não ver o gasto ser prejudicado, em vez de controlar o gasto”, explicou Spiess.
“E tem ainda o fato de que a economia lá fora tem dado alguns sinais positivos. Economia mais forte significa maior inflação e, consequentemente, essa maior resiliência inflacionária demanda maior patamar de juros”, completou o analista.
No exterior, vários pares arriscados do real também tinham perdas acentuadas, com destaque para o peso mexicano, que cedia 1,20%. O peso chileno caía 0,80%, enquanto o dólar australiano recuava 0,50%.
Intervenção no câmbio?
Segundo Eduardo Moutinho, analista de mercado do Ebury Bank, “os níveis atuais (do dólar) são claramente desconfortáveis para o BC, considerando o impacto sobre a inflação, e, com o Fed mantendo juros mais altos por mais tempo, uma intervenção deve ser apropriada para evitar uma desvalorização maior do real”.
Praticamente não houve intervenções extraordinárias do Banco Central no câmbio ao longo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com exceção de um leilão de swaps no início deste mês para, segundo a autarquia, atender a uma demanda pontual pelo resgate de um título, que, a propósito, venceu na segunda-feira.
No geral, o Banco Central sempre reforça que não tem intenção de controlar o patamar do câmbio, que é flutuante, e que quaisquer atuações no dólar têm objetivo de garantir o bom funcionamento do mercado em caso de disfuncionalidades.
EUA
Dados na segunda-feira mostraram que as vendas no varejo dos EUA aumentaram 0,7% no mês passado, em comparação com uma alta de 0,3% previsto pelos economistas consultados pela Reuters, reforçando as expectativas de que é improvável que o Federal Reserve se apresse em cortar os juros este ano.
Quanto menos o Fed cortar os juros, melhor para o dólar, que se torna mais atraente para investidores estrangeiros quando os rendimentos oferecidos pelo mercado norte-americano — já interessante por ser extremamente seguro — seguem mais altos.
Os rendimentos dos Treasuries de dez anos, referência global para investimentos, seguem com alta desde a manhã de ontem, assim com os contratos com vencimentos mais curtos.
“A economia dos EUA continua a crescer de forma muito sólida, em um nível acima da tendência de longo prazo, o que dá suporte a rendimentos mais altos dos títulos dos EUA e argumenta contra o corte da taxa de juros pelo Fed”, disse Kenneth Broux, chefe de pesquisa corporativa, câmbio e taxas do Société Générale.
Os mercados estão agora precificando uma chance de 41% de o Fed cortar os juros em julho, em comparação com cerca de 50% antes dos dados, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1835 reais na venda, em alta de 1,21%, maior valor de fechamento desde 27 de março de 2023.
(Com Reuters)