As crianças que vão para a cama mais cedo se desenvolvem de forma mais saudável. Isso a ciência já sabe e recomenda. Agora, pesquisadores do Departamento de Reabilitação Infantil da China revelam mais um benefício dos hábitos de sono para a saúde intestinal infantil.
Dormir cedo está relacionado a uma maior diversidade de bactérias benéficas na microbiota intestinal das crianças, o que pode impactar positivamente não só a condição do intestino, mas também funções cognitivas.
A descoberta é resultado de uma análise de amostras fecais de 88 crianças saudáveis de 2 a 14 anos, divididas em dois grupos: as que dormiam antes e as que dormiam depois das 21h30. Os detalhes da pesquisa foram publicados na revista Scientific Reports.
Crianças que dormem cedo têm mais diversidade microbiana intestinal
- Um novo estudo investigou os padrões de sono de crianças e coletou amostras para entender como isso impacta a saúde intestinal delas.
- A análise mostrou que as crianças que dormem cedo — antes das 21h30 — possuem uma diversidade maior de bactérias intestinais boas em sua flora intestinal.
- Entre as bactérias, a Akkermansia muciniphila foi a mais predominante neste grupo.
- Ela é conhecida por ajudar a manter o peso saudável, o equilíbrio do açúcar no sangue e a saúde do metabolismo.
- Além dela, uma série de outras bactérias ligadas à saúde intestinal e até a funções cognitivas saudáveis foi detectada em maior quantidade nas crianças.
- Uma análise metabólica mostrou que o grupo apresentou mais atividade nas vias ligadas ao metabolismo de aminoácidos e neurotransmissores, substâncias fundamentais para o desenvolvimento cerebral.
- Isso sugere que dormir cedo pode ter efeitos positivos não só no intestino, mas também na saúde mental e cognitiva.
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Correlações entre bactérias intestinais e o sono
Além de detectar a diversidade de bactérias presentes no intestino de crianças que dormem cedo, o estudo também fez uma correlação entre esses organismos e a qualidade do sono.
Por exemplo, Akkermansia muciniphila e Alistipes finegoldii foram associadas ao fato de a criança adormecer mais rápido. Já a bactéria Clostridium sp. CAG-253, por outro lado, foi relacionada ao contrário: quanto maior a presença dela, mais tempo a criança levava para dormir.
Além disso, Alistipes finegoldii foi ligada a uma maior duração total do sono, mas também a uma menor eficiência — ou seja, a criança pode ter dormido mais tempo, mas a qualidade do sono não foi tão boa. Em alguns casos, a presença dela, de Akkermansia muciniphila e de Holdemania filiformis também influenciou negativamente esse fator.
Basicamente, o estudo sugere que o sono influencia quais bactérias prosperam no intestino, e essas bactérias, por sua vez, podem impactar a qualidade do sono.
O que está por trás da relação entre sono e saúde intestinal?
A relação entre a saúde intestinal e a qualidade do sono de crianças ainda não é totalmente explicada pelo estudo. Os padrões de sono podem influenciar a diversidade microbiana, mas também podem ser processos inversos. Os cientistas não têm exatamente certeza de quais fatores causam o quê.
No entanto, acompanhar as correlações feitas é um caminho para começar a responder essas questões. Os estudos devem prosseguir nessa direção.