O Rio Grande do Sul amanheceu nesta quarta (27) com previsão de melhora na chuva, mas ainda deve enfrentar inundações e alagamentos nas próximas horas. Pela manhã, um corpo foi encontrado em Porto Alegre.
Com a movimentação do ciclone extratropical para o oceano, a chuva se encerra ao longo da manhã e o tempo fica aberto até sábado (30), quando pode retornar em pouca quantidade no norte do estado. A próxima semana deverá ser de tempo seco.
Em Porto Alegre, o lago Guaíba subiu 13 centímetros na madrugada, causando alagamentos de ruas e residências na zona sul da cidade e se aproximando da cota de inundação no centro histórico, de três metros. Pela manhã, a medição era de 2,94 metros.
Como o lago que banha a capital recebe as águas de quatro rios -Caí, Gravataí, Sinos e Jacuí- é praticamente certo que o Guaíba avançará sobre a cidade. Especialmente porque o vento sul dificulta a saída da água para a lagoa dos Patos e, desta, para o oceano.
Porém, o bairro conta com estruturas contra inundações como o muro da avenida da Mauá e comportas de contenção, que já foram fechadas.
Na manhã desta quarta, a água já havia avançado sobre os armazéns do antigo porto e inundado as estruturas de passeio e contemplação da Orla Moacyr Scliar. A cidade teve o setembro mais chuvoso desde que a medição começou a ser feita, em 1916.
Às 8h20min, a Defesa Civil do RS emitiu um alerta para inundação em todos os municípios banhados pelo lago válido pelas próximas 24 horas.
Por volta das 8h30min, a Guarda Municipal localizou um corpo na orla próximo à Usina do Gasômetro, e ele foi resgatado pelos bombeiros. Trata-se de um homem ainda não identificado com idade aproximada de 35 anos e estava sem roupas.
Se confirmada a morte por afogamento, será a segunda vítima das chuvas dos últimos dias. Na terça (26), uma mulher de 60 anos se afogou após ter o carro da família arrastado para um riacho em Barra do Ribeiro, município que fica ao sul do lago Guaíba, na região da Costa Doce.
Na capital gaúcha, a principal preocupação do dia é com a população de baixa renda que reside na região das ilhas da Pintada, do Pavão e dos Marinheiros, que está sendo retirada do local pela prefeitura. O prefeito Sebastião Melo (MDB) anunciou que pedirá ajuda ao Exército para evacuar a região.
As famílias estão sendo abrigadas no ginásio do Departamento Municipal de Habitação. O Gabinete da Causa Animal também atua resgatando animais de estimação. Segundo a prefeitura da capital gaúcha, 117 pessoas estão acolhidas em abrigos.
Em Rio Grande, no sul do estado, região que também enfrenta a cheia da lagoa dos Patos, ocorreu uma cena curiosa na tarde de terça (26): dois leões-marinhos apareceram na calçada próxima ao Mercado Público da cidade, assustando cachorros.
Com a passagem sucessiva de ciclones, o RS enfrenta o mês de setembro mais chuvoso de sua história. Os dois eventos mais traumáticos ocorreram em junho, quando 16 pessoas morreram, a maior parte delas no litoral norte, e no começo deste mês, quando o Vale do Taquari contabilizou, até o momento, 49 mortes e nove desaparecidos em razão de enchentes e enxurradas.
Nesta quarta, o governador Eduardo Leite (PSDB) será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para discutir medidas de auxílio ao estado. No dia seguinte, representantes do governo federal desembarcam no estado e visitarão o Vale do Taquari.