O verão chegou ao fim, abrindo alas para o equinócio de outono. Esse fenômeno marca a transição das estações nos hemisférios norte e sul. Astronomicamente, o outono é uma das quatro estações do ano, marcado por mudanças na posição da Terra em relação ao Sol.
No hemisfério sul, o outono de 2024 tem início exatamente nesta quarta-feira (20), às 00h06, e se estenderá até o dia 20 de junho. Essa passagem de estações é um reflexo da inclinação axial da Terra em relação ao seu plano orbital.
Durante o período, o dia e a noite têm aproximadamente a mesma duração. Isso ocorre devido aos raios solares que atingem a Terra de forma mais direta sobre a linha do Equador, o que resulta numa distribuição uniforme da luz solar em ambos os hemisférios. Inclusive, a palavra “equinócio” vem do latim “aequinoctium“, cujo significado é “noite igual“.
À CNN, Marco Aurélio de Menezes Franco, professor e doutor do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) explica que, durante o outono, os dias começam a encurtar à medida que uma região específica do planeta afasta-se do Sol.
“No nosso caso, no hemisfério sul, resulta em uma diminuição da luz solar direta e, consequentemente, em temperaturas mais amenas. A transição marca a preparação da natureza para o inverno, com a queda das folhas das árvores e uma paleta de cores características à medida que as plantas se preparam para a estação mais fria”.
Entendendo o fenômeno
Existem dois equinócios anualmente: equinócio de outono, que no hemisfério sul acontece em março, e equinócio de primavera, no hemisfério sul, no mês de setembro.
No hemisfério norte, o cenário é inverso: a primavera inicia em março e, o outono, em setembro. Além das flutuações térmicas típicas, o pesquisador enfatiza que o outono é marcado pelo aumento da frequência dos ventos e diminuição da umidade atmosférica. As manhãs frequentemente apresentam nevoeiros e, em certas ocasiões, podem ocorrer geadas.
Além de marcar a mudança de estação, o momento também tem impactos significativos na natureza e na cultura humana. Em várias regiões ao redor do mundo, o fenômeno frequentemente é celebrado com festividades que marcam a transição entre as estações.
Muitas culturas antigas realizavam rituais e festividades para marcar a transição de estação, associando-a ao ciclo de vida e à renovação. Hoje em dia, essas tradições ainda estão presentes em muitos países, sejam através de festivais de colheita, rituais de gratidão pela natureza ou eventos culturais que celebram a chegada do outono.
Conexão entre natureza e espiritualidade
Anderson Vitorino, estudioso e praticante de xamanismo ou neoxamanismo, como é chamada a prática ambientada fora do contexto dos povos nativos, reforça que o momento de transição entre verão e outono traz consigo não apenas mudanças climáticas, mas também outros significados profundos.
Para quem não está familiarizado com o termo, o xamanismo diz respeito às práticas de reconexão com a natureza, com o todo, com tudo que é vivo e do qual vamos nos afastando por conta de nossas rotinas nas cidades.
Para os que creem no xamanismo, prática ancestral que busca a conexão entre o ser humano, a natureza e o mundo espiritual, Anderson explica que o período pede mais introspecção.
“Assim como o urso que comeu tudo o que pôde durante o verão e adentra a caverna escura para digerir e hibernar, o outono convida-nos a entrar no silêncio para assimilar e digerir todas as ideias e ensinamentos que recebemos até aqui. E da mesma forma que as folhas caem das árvores, é tempo de deixar ir os pensamentos e as verdades que não nos tocam intimamente ou que não nos ofereçam utilidades. Só assim poderemos estabelecer os objetivos que realmente ressoam em nosso íntimo e parar de buscar a aprovação alheia”, diz.
Nessa época, justamente pelo motivo de o dia e a noite possuírem a mesma duração, há o simbolismo de um momento de equilíbrio entre as forças opostas, como luz e escuridão, calor e frio. A dualidade é fundamental na cosmologia xamânica, onde se busca a integração e o respeito por todas as manifestações da vida.
“Fazer este caminho com consciência é buscar despertar nosso mestre interior, tocar nossa sabedoria e retornar com confiança para realizar nossos desejos reais. Uma das práticas recomendadas é a meditação em posição sentada”, aconselha Vitorino.
“Dedique alguns minutos diariamente para se sentar de maneira confortável e deixar sua mente divagar enquanto você contempla o silêncio. Aos poucos, você verá que novas ideias, imagens e insights surgirão. Olhe para si e verá que temos muitas respostas dentro de nós, pois nossas células e espírito trazem a memória da ancestralidade – basta ter olhos para ver”, sugere o xamã.
A influência dos astros na transição
Para a astrologia, os ciclos são mais do que meras medidas de tempo; são os ritmos pelos quais a vida se desdobra. Entre as épocas mais marcantes, encontram-se as estações do ano, conforme explica a astróloga e terapeuta, Sthefanie Sparvoli.
“Com a chegada do equinócio de outono, testemunhamos um marcante fenômeno astronômico que assinala a mudança das estações e o início de um novo ciclo. O momento assume um significado crucial, marcando o início da jornada anual do Sol pelos doze signos do zodíaco”, conta.
“Esse evento carrega consigo a essência dos novos começos, potencializado pela entrada do Sol no signo de Áries, ativando nossa coragem e força de ação. É um convite para a renovação, para identificar as mudanças necessárias em nossas vidas e termos a coragem de implementá-las”, destaca a especialista.
Compartilhe: