Um novo estudo da Escola de Medicina Keck da USC, em Los Angeles (Estados Unidos), publicado na Nature Cell Biology, revelou detalhes de como o vírus da Covid-19 entra no corpo, infecta as células saudáveis e se torna letal.

Dessa forma, é possível entender não só como o SARS-CoV-2 age no corpo, mas como tratá-lo de forma eficiente a depender do tempo de infecção.

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Estudo sobre Covid-19

O estudo pode explicar porque alguns casos de Covid-19 são leves e outros graves, e como a situação se agrava dependendo da pessoa infectada. Para começar, a equipe descobriu que o SARS-CoV-2 infecta o corpo de duas maneiras diferentes.

A primeira é quando o alvo são as células do revestimento do pulmão. Nesse caso, duas proteínas virais infectam essas células, uma ativando e outra bloqueando o sistema imunológico. Isso é contraditório, mas é justamente essa contradição que balanceia ação e reação do vírus e faz a infecção se manter leve no corpo.

O segundo caminho de infecção é quando o vírus entra pelo sistema imunológico. Nesse caso, a capacidade de reprodução das duas proteínas virais diminui e a proteína que bloqueia o sistema imunológico prevalece em relação à que estimula. São esses os casos associados à inflamação e sintomas graves da Covid-19.

Imagem: Spectral-Design/Shutterstock

Infecção

De acordo com o MedicalXpress, a partir das descobertas anteriores, os pesquisadores seguiram o estudo com base em duas questões: por que há tão pouco inflamação quando o SARS-CoV-2 está nas células pulmonares? E por que, para as pessoas que não se recuperam das infecções nos primeiros sete a dez dias, os sintomas pioram tanto?

Veja algumas das descobertas:

  • Os pesquisadores começaram rastreando todas as proteínas que formam o vírus SARS-CoV-2 para entender quais regulam a produção de citocinas (proteínas associadas à resposta do sistema imunológico às infecções);
  • Eles descobriram que, quando o vírus entra na célula do revestimento pulmonar, as duas proteínas virais são produzidas normalmente. No entanto, elas se balanceiam, com uma delas protegendo o núcleo celular e impedindo uma infecção mais grave;
  • Já no sistema imunológico, o SARS-CoV-2 usa sua própria proteína spike para se conectar a outro tipo de proteína já presente no corpo;
  • Essa conexão impede a produção da proteína que protegeria o indivíduo da infecção. Ou seja, das duas proteínas do SARS-CoV-2, apenas a que agrava a inflamação é produzida, tornando esse quadro mais grave;
  • Os pesquisadores ainda fizeram um teste em células do sistema imunológico humano geneticamente modificadas para não ter a proteína TLR1, que permite a conexão com a spike do SARS-CoV-2 e leva o vírus “para dentro do corpo”. Nesse caso, não houve infecção.
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Imagem: Nhemz/Shutterstock

Qual a importância do estudo no tratamento da Covid-19

A pesquisa deu detalhes de como a infecção funciona no corpo, mas também forneceu informações importantes de como gerir quadros graves da doença.

Em experimentos com ratos de laboratório, o tratamento da Covid-19 com um medicamento que bloqueia a TLR1 (proteína que permite a conexão com o spike) permitiu uma sobrevivência mais longa e menor perda de peso em comparação ao grupo não modificado.

Isso dá uma dica importante: na fase inicial, a Covid é melhor tratada impedindo a replicação do vírus. Já em fase posterior, o tratamento funciona melhor controlando a inflamação.



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