Na última quarta-feira (17), o Olhar Digital publicou reportagem sobre o lenacapavir, novo medicamento contra o HIV que pode ser revolucionário. Agora, temos uma noção de quanto ele deve custar.

Atualmente, ele custa, no primeiro ano, US$ 42,25 mil (R$ 236,06 mil, na conversão direta). Contudo, o preço anual pode ser mil vezes menor do que esse no mundo todo: somente US$ 40 (R$ 223,49), segundo pesquisa.

Novo remédio contra HIV pode custar muito mais em conta do que atualmente

  • O estudo foi apresentado nesta terça-feira (23) na 25ª Conferência Internacional sobre Aids, em Munique (Alemanha);
  • O valor sugerido é mínimo para que a Gilead, gigante farmacêutica estadunidense responsável pelo medicamento (que tem o nome comercial de Sunlenca), tenha lucro de 30% por venda e se baseia nos custos dos ingredientes e fabricação da medicação;
  • Os pesquisadores apontam que, a longo prazo, 60 milhões de pessoas, provavelmente, precisarão tomar o lenacapavir de forma preventiva, reduzindo, assim, os níveis de HIV de forma significativa, trouxe o The Guardian.
Fachada da Gilead no Vale do Silício
Gilead dizia ser “muito cedo” para definir valores para medicamento para tratamento (Imagem: Sundry Photography/Shutterstock)

O Dr. Andrew Hill, da Liverpool University (Inglaterra) e líder do estudo, comemorou a novidade. “Você tem uma injeção que alguém poderia tomar a cada seis meses e não pegar HIV. É o mais perto que já chegamos de uma vacina contra o HIV.”

Ativistas pedem que a Gilead libere o licenciamento do medicamento de forma genérica a partir do Medicines Patent Pool, apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em países de baixa e média renda, que correspondem a 95% da infecção por HIV no mundo todo.

Até então, a farmacêutica considerava ser “muito cedo” precificar o lenacapavir para prevenção (hoje, ele é licenciado para tratamento) por estar aguardando dados de ensaios clínicos e registros regulatórios, mas havia prometido “estratégia para permitir acesso amplo e sustentável globalmente”.

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Inclusive, incluindo o “fornecimento da Gilead nos países onde a necessidade é maior, até que os parceiros de licenciamento voluntário sejam capazes de fornecer versões do lenacapavir de alta qualidade e baixo custo”, bem como um programa de licenciamento voluntário para “países de alta incidência e recursos limitados”. A farmacêutica informou que a escolha dos países está em andamento.

Contudo, os ativistas reiteram ser vital que todos os países de alta renda, incluindo os de renda média alta (como o Brasil), tenham acesso ao modelo genérico de baixo custo da nova medicação.

Eles afirmam, ainda, que seleções semelhantes de países, realizadas no passado, não consideraram países nos quais a epidemia de HIV crescia mais rapidamente.

Por sua vez, Hill disse que os ensaios realizados nos países de baixa e média renda fortaleceram o argumento em favor do acesso à medicação em todo o globo, e citou a Declaração de Helsinque sobre ética médica. Entre outras coisas, ela diz que os ensaios precisam ser realizados somente em populações que pudessem efetivamente se beneficiar de seus resultados.

Vários medicamentos ao fundo, com uma seringa injetada em um medicamento à frente, no qual se lê
Ativistas defendem que lenacapavir deve ser esoalhado, de forma genérica, para o mundo todo (Imagem: Kitsawet Saethao/Shutterstock)

Não é exagero dizer que atingir a meta de 2030 de acabar com novas transmissões de HIV depende de a Gilead garantir que as pessoas no sul global tenham acesso justo ao lenacapavir.

Joyce Ouma, diretora sênior de programas da Y+ Global, em entrevista ao The Guardian



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