- Analistas dizem que resultado do Magazine Luiza mostrou melhora na rentabilidade
- Recuo de 0,1% nas vendas do Magalu foi ponto negativo
- Papel do Magalu pode encontrar volatilidade por causa do setor varejista
O Magazine Luiza (MGLU3) divulgou na noite de segunda-feira (18) o balanço referente ao quarto trimestre de 2023. Para os analistas da XP Investimentos, GTF Capital, Ativa Investimentos, Monte Bravo e Genial Investimentos, a companhia reportou um resultado sólido e com uma evolução positiva, mesmo com os ventos contrários do setor de varejo.
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A companhia da família Trajano reportou um lucro líquido R$ 212,2 milhões no quarto trimestre de 2023, uma reversão do prejuízo de R$ 35,9 milhões do mesmo período de 2022. Já na base ajustada, o resultado foi de um lucro líquido de R$ 101,5 milhões, outra melhora na comparação com o prejuízo líquido ajustado de R$ 15,2 milhões.
Na visão dos analistas da XP Investimentos, o grande destaque do trimestre foi o crescimento da rentabilidade, medida pela margem bruta ajustada, que foi de 27,8% no quarto trimestre de 2022 para 30,3% no quarto trimestre de 2023, um crescimento de 2,5 pontos porcentuais na base anual.
“Essa melhora reflete o impacto do repasse da diferença entre as alíquotas interna e interestadual (DIFAL) nas vendas de mercadorias em conjunto com a maior penetração dos serviços, que impulsionaram o resultado da companhia”, afirmam Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, que assinam o relatório da XP.
Já Artur Horta, especialista em investimentos da GTF Capital, comenta que o resultado foi em linha com o esperado. Ela lamenta que o faturamento da companhia, medido pelo GMV (Volume Bruto de Mercadoria em inglês), teve um leve recuou de 0,1% na base anual.
O GMV foi de R$ 17,95 bilhões do quarto trimestre de 2022 para R$ 17,94 bilhões no quarto trimestre de 2023. “O ano de 2023 foi fraco no ponto de vista do faturamento. No entanto, os números mostram que a companhia está no caminho certo para ter rentabilidade positiva”, aponta Horta. Ele reforça que o crescimento da margem bruta ajustada em 2,5 pontos porcentuais foi o grande destaque do balanço.
Bruno Benassi, especialista em ações na Monte Bravo Corretora, diz acreditar que a leve redução de 0,1% no faturamento da empresa já era algo a ser esperado, visto que a base de comparação do ano anterior é com a Copa do Mundo, período em que a empresa vendeu muitos televisores. Ele relata que os números do quarto trimestre mostram que o Magalu de fato está virando o jogo. “O quarto trimestre de 2023 realmente é um ponto inflexão do Magazine Luiza, que passou por uma forte turbulência no último ciclo de alta de juros”, relata Benassi.
A Genial Investimentos também reconhece que o resultado apresentou uma evolução positiva da companhia ao longo dos últimos trimestres, mesmo com as adversidades no segmento varejista, que passa por um cenário de alta competição com Mercado Livre e Amazon ganhando espaço em volume de vendas.
No entanto, os analistas comentam que a empresa deixou a desejar no nível 1P. Esse nível é conhecido como comércio eletrônico de primeira parte. Nesse caso, o Magalu compra produtos, estoca, determina preços, vende em sua loja virtual e cuida de toda a logística de entrega.
Nesse quesito, a companhia apresentou uma queda de 7,8% nas vendas na comparação entre o último trimestre de 2023 e o último trimestre de 2022. Para a Genial, isso aconteceu em meio a um cenário ainda desafiador para o consumo de bens duráveis, que possuem tickets maiores e compõem categorias core da oferta 1P do Magalu.
“Apesar de estarmos mais pessimistas quanto ao crescimento de vendas 1P nos próximos 2 anos – o qual deve acontecer de forma mais lenta que o esperado anteriormente –, entendemos que a companhia tem mostrado um ótimo trabalho em relação à rentabilidade, trimestre após trimestre”, dizem
Iago Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon, que assinam o relatório da Genial.
O que esperar do Magalu e das ações em 2024?
Para os analistas, as expectativas deste ano para a empresa são otimistas. Artur Horta, da GTF Capital, afirma que a empresa está apresentando avanços na eficiência e na rentabilidade. Além disso, a companhia também fez uma capitalização de R$ 1 bilhão, que deve apresentar um alívio para as despesas financeiras da empresa ao olhar para o ciclo de queda de juros, aponta o especialista.
Já a Genial Investimentos estima que a empresa deve continuar crescendo no mercado on-line em categorias de maior ticket médio. Essa estratégia reduz o impacto da concorrência, uma vez que as vendas de outras companhias desse segmento são mais concentradas em itens de valores menores.
“Com o marketplace se consolidando como destaque de crescimento de receita e injetando margem bruta “na veia”, projetamos que esse movimento continue ao longo de 2024. Estimamos que Magalu apresente uma margem bruta de 30,2%, se aproximando da rentabilidade apresentada em 2016, quando o indicador chegou ao patamar de 30,6%”, explicam Souza, Esteves e Mirazon.
Já Benassi, da Monte Bravo Corretora, reforça que o cenário macro também deve ajudar a varejista, visto que a expectativa do mercado é de uma redução gradual da taxa básica de juros da economia, a Selic. Segundo o mais recente boletim Focus, a Selic deve encerrar 2024 em 9% ao ano, uma redução de 2,25 pontos porcentuais em relação aos atuais 11,25% ao ano.
Os especialistas da Monte Bravo e o da GTF Capital acreditam que a ação do Magazine Luiza está atrativa para o investidor, desde que ele não se importe com a volatilidade do mercado e pense a longo prazo. “A ação pode apresentar um bom desempenho ao longo do ano, mas vale lembrar que essa é uma tese de alto risco e que pode ter forte volatilidade”, afirma Benassi.
É justamente por isso que a Ativa Investimentos manteve a sua recomendação neutra para o papel. “Reconhecemos que a empresa vem entregando resultados marginalmente melhores. No entanto, o setor desafiador pesa em nossas análises e mantemos nossa recomendação neutra”, afirma Pedro Serra, que assina o relatório da Ativa.
A corretora tem preço-alvo de R$ 4,20, uma potencial alta de 100% na comparação com o fechamento de segunda-feira (18), quando o papel encerrou o pregão a R$ 2,10.
A Genial elevou o preço-alvo da ação de R$ 2,10 para R$ 2,60 após a divulgação do balanço, o que significa uma potencial alta de 23,81% em relação ao fechamento de segunda-feira. Todavia, a corretora não mudou a recomendação de manter para compra, por considerar que o papel está caro.
“Apesar de entendermos que Magalu é uma empresa de crescimento e que, por isso, ela pode negociar a múltiplos mais elevados, não nos sentimos confortáveis em elevar para compra uma empresa que, em nossas atuais estimativas, negocia a múltiplos elevados”, salientam os analistas da Genial.