Ao contrário do que o nome faz parecer, “Lego Fortnite” não é um battle royale com personagens de pecinhas de plástico. O game lançado nesta quinta-feira (7) passa longe disso e é uma experiência que se aproxima muito mais de “Minecraft” do que do título de maior sucesso da Epic Games.
Tal qual o jogo da Mojang que virou febre entre crianças e adolescentes, o título disponibilizado gratuitamente dentro de “Fortnite” é um jogo de sobrevivência, exploração e construção, com um mapa criado por geração procedural que promete ter 20 vezes o tamanho da ilha do battle royale e que pode ser jogado de forma cooperativa.
Em evento de apresentação para a imprensa realizado em Nova York, foi possível ver que a principal diferença está no visual. Enquanto “Minecraft” mantém o aspecto de blocos que virou sua marca registrada, “Lego Fortnite” usa toda a potência do Unreal Engine para criar belíssimos ambientes tridimensionais, onde os jogadores poderão usar sua criatividade e os inconfundíveis bloquinhos de plástico da empresa de brinquedos dinamarquesa para montar as mais diferentes estruturas.
Todas as construções são feitas com peças digitais de Lego. Segundo os desenvolvedores, mais de 10 mil peças diferentes foram recriadas virtualmente com base em suas contrapartidas reais, de forma que todas as estruturas que existem no mundo real possam ser reproduzidas no game e vice-versa.
Mas há um porém. Apesar de ser possível montar algumas construções com peças separadas, a maioria delas só está disponível em pequenos conjuntos que compõem estruturas maiores. Ou seja, há algumas restrições para o tipo de objeto que o jogador pode criar. Por sua vez, a Epic promete ampliar a disponibilidade de peças e kits para montagem ao longo do tempo —tanto em atualizações gratuitas quanto por microtransações.
No modo de sobrevivência, o jogador é incentivado a construir uma pequena vila que pode se desenvolver em uma bela cidade ou em um castelo medieval. Para isso, será preciso explorar a região atrás de recursos para criar estruturas cada vez mais complexas e atrair NPCs (personagens controlados pelo computador) que podem facilitar algumas tarefas e lutar contra monstros.
No lançamento, o jogo conta também com um modo criativo, sem inimigos e com recursos ilimitados, onde o jogador poderá se concentrar apenas em montar o que quiser.
Com um espírito muito mais colaborativo, o game busca se afastar da experiência competitiva de “Fortnite” —jogo de tiro recomendado para maiores de 12 anos no Brasil—, ainda que esteja hospedado dentro do mesmo ambiente virtual.
Até por isso, os desenvolvedores colocaram em prática nas últimas semanas —em meio a tropeços e protesto de alguns jogadores— um sistema de classificação etária em todos os itens presentes no jogo, de forma a possibilitar que os pais controlem que tipo de conteúdo querem que seus filhos acessem.
“Infelizmente, a maioria das experiências existentes hoje para crianças [na internet] não são seguras”, reconheceu Julia Goldin, diretora de marketing e produção da Lego, durante sua exposição no evento. “Com os padrões que a Epic está introduzindo agora, podemos oferecer um ambiente seguro, onde elas podem se divertir e serem criativas e sociáveis, mas em um local em que os pais têm todo o controle sobre os tipos de experiências que suas crianças terão.”
Nesse sentido, a interação com outros títulos dentro de “Fortnite” será bastante limitada. O jogador poderá, por exemplo, transferir gratuitamente para “Lego Fortnite” personagens e reações que ele já obteve no battle royale (e vice-versa), mas as experiências dos dois jogos se dão de forma totalmente independente.
Segundo Remi Marcelli, vice-presidente sênior da Lego para games e experiências no metaverso, foi justamente a possibilidade de criar jogos separados do “Fortnite” tradicional que possibilitou que as duas empresas se unissem nessa parceria.
“O título principal deles não é apropriado para nossas crianças, mas quando ‘Fortnite’ e a Epic Games começaram a expandir seu portfólio para outras formas de jogar e para diferentes públicos, pareceu um bom momento de trabalhar em conjunto para criar algo novo”, afirmou.
Com certeza o jogo da Lego representa algo novo para o ambiente de “Fortnite”. No entanto, quem já jogou “Minecraft” não vai escapar do sentimento de “déjà vu”.
O jornalista viajou a convite da Epic Games