Em entrevista exclusiva ao Suno Notícias, Lucas Ozório, gerente de Relações com Investidores do Magazine Luiza (MGLU3), pontuou que a varejista deve se beneficiar em múltiplas frentes com a queda da Selic, que pode ser confirmada em mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nesta quarta-feira (20).
“Nós fazemos conferências, conversamos com fundos, e um investidor certa vez falou o seguinte: não vejo nenhuma empresa vai se beneficiar mais com a queda da taxa de juros do que o próprio Magalu. A gente ficou pensando e eu acho que de fato é verdade”, diz Ozório.
A primeira frente, segundo o gerente, são as vendas do Magazine Luiza. Ele explica que a loja física 1P – que envolve produtos como telefonia, eletrodomésticos, eletroportáteis, TVs e móveis, por exemplo – possui um ticket médio maior do que o 3P, que corresponde ao marketplace.
“Assim, a pessoa precisa se financiar e, tendo um juro menor, faz com que se consiga abrir a carteira de crédito. Além disso, ela vai ter um dinheiro a mais para gastar com outros produtos, porque a inflação estava corroendo o poder de compra”, destaca.
Um segundo aspecto se refere ao Luizacred, financeira da companhia e fruto de uma joint venture com o Itaú Unibanco (ITUB4). De acordo com Lucas, há cerca de dois anos a financeira do Magazine Luiza tem apresentado uma postura bastante conservadora, acumulando prejuízos e aumento nas taxas de inadimplência.
No entanto, de acordo com o último balanço de resultados do Magalu, a Luizacred apresentou um lucro líquido de R$ 18 milhões, o que o gerente de RI considerou como uma “surpresa para o mercado”. Ozório explica: “Se financeira der lucro líquido, pode gerar algum gatilho futuro de volta a conceder crédito para o cliente.”
Por fim, um terceiro ponto se refere às despesas financeiras, diretamente relacionadas às dívidas do Magazine Luiza e à antecipação de cartões. “Essas duas frentes estão ligadas às taxas de juros. Uma simples redução nos juros já faz com que a gente tenha uma economia de R$ 150 milhões em despesas financeiras”, explica.
“Queremos voltar aos bons tempos do passado recente”, diz gerente de RI do Magalu
Na entrevista, Ozório diz que apesar, de o Magalu no 4T23 ter apresentado desempenho abaixo do esperado pelo mercado, tanto a operação de 1P quanto a de loja física do Magazine Luiza já são consolidadas pela companhia. Para ele, o que de fato tem potencial de crescimento, para alavancar as vendas e levar a varejista para outro patamar, é o marketplace (3P).
No quarto trimestre de 2023, mais de 360 mil vendedores parceiros que ajudaram a varejista a vender R$ 5,1 bi em sua plataforma, ultrapassando a marca registrada pelas suas lojas físicas (R$ 5 bi no último trimestre de 2023, aumento de 4% em comparação anual.).
No total, as vendas no marketplace do Magazine Luiza registraram crescimento de 10% comparado ao mesmo período de 2022. No ano de 2023, com vendas de R$ 18 bilhões (alta de 17% ante 2022), o canal se consolidou como o segundo maior da empresa à frente das lojas físicas.
“Com loja física e 1P, queremos voltar aos bons tempos que nós tínhamos no passado recente. Sempre foram canais rentáveis para a companhia. Com o aumento de juros, acabaram se tornando canais menos rentáveis, mas a gente está no caminho certo para voltar à rentabilidade”, destaca Lucas.
O gerente considera, portanto, que o 3P é o ‘canal do futuro’. “Se você me perguntar como vai ser o Magalu daqui a cinco, dez anos, 3P será o canal líder. É o que mais traz cliente, que mais vai crescer e dar o norte para a nossa companhia. Vai aumentar nossas margens e trazer o crescimento futuro para almejar posições maiores”, avalia.
Magazine Luiza: com a conclusão do aumento de capital, o que esperar para 2024?
Ozório comentou também sobre o aumento de capital que deve ser concluído pelo Magazine Luiza, no valor de até R$ 1,25 bilhão. Ao todo, houve uma adesão de 85,6% das ações do Magalu que teriam direito a ser subscritas, sendo 55% dos controladores e 31% dos acionistas minoritários.
Como pendência, segundo o gerente de RI, ainda está a finalização da alocação das sobras (14%) e a homologação do aumento de capital. “O que eu posso garantir é que esse montante de R$ 1,25 bilhão vai estar no caixa da companhia no mês de março”, diz.
Conforme anunciado pelo Magazine Luiza anteriormente, o aumento de capital tem por finalidade a aceleração dos investimentos em tecnologia – incluindo a expansão do Luizalabs, evolução de plataforma de marketplace do Magalu, experiência do usuário, serviços de nuvem e fintech – além da otimização da estrutura de capital da companhia.
“Esse aumento de capital vai nos ajudar ainda mais nessa missão, dará um fôlego maior para aumentar os investimentos e elevar a usabilidade para o cliente. Já viramos o jogo, acho que passado é passado. Estamos em uma nova realidade, na qual vamos apresentar crescimento modesto, mas com lucratividade, que todos os nossos investidores ficarão felizes no final do dia”, finaliza o gerente de RI da Magazine Luiza.
Desempenho das ações de Magazine Luiza (MGLU3)
No fechamento desta terça-feira (19), as ações do Magazine Luiza (MGLU3) caíram 6,6%, cotadas a R$ 1,97. No mês, as ações caem 7,51% e no acumulado do ano a queda é de 8,35%.
Cotação MGLU3
Gráfico gerado em: 19/03/2024
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