Multidão celebra virada sem garoa na Paulista

A dupla começou a apresentação às 23h e fez o público vibrar com as clássicas “Saudade de minha terra”, “No rancho fundo” e “Sinônimos”. Com a proximidade do show, alguns acessos da Paulista ficaram cheios, e a organização orientou que as pessoas entrassem na Paulista por ruas mais distantes do palco que ainda estavam livres.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB), pré-candidato à reeleição nas eleições de outubro, subiu ao palco faltando exatos cinco minutos para a chegada de 2024. Ele estourou um champagne e agradeceu aos trabalhadores da limpeza urbana — que assistiam ao show da dupla sertaneja.

Antes dos irmãos, Claudia Leitte trouxe um gosto de carnaval para o ano-novo paulistano, sacudindo o público com sucessos que marcaram os seus 20 anos de carreira, como “Extravasa” e “Bola de Sabão”, além do single “Liquitiqui”, sua atual música de trabalho. Nascida em São Gonçalo, no Grande Rio, mas baiana de coração, Claudia vestiu roupa em homenagem à cidade de São Paulo, feita especialmente para o réveillon, com desenhos das silhuetas de prédios, além de luzes de led simbolizando os fogos de artifício.

Sem garoa, como estava previsto, São Paulo comemorou com vontade a chegada de 2024. Com forte esquema de segurança, as comemorações começaram às 16h e seguem até a madrugada, quando o Baile do Simonal encerrará a festa.

Zezé Di Camargo foi um dos primeiros a se apresentar, com as novidades de seu solo “Rústico”, cujo repertório traz músicas inéditas e regravações de hits que marcaram sua trajetória ao lado do irmão, Luciano.

A DJ Cranmarry animou os intervalos dos shows com um repertório eclético — pagode, samba, pisero e outros gêneros. Ton Carfi e Paloma Possi, expoentes da música gospel, trouxeram um coral ao vivo e emocionaram o público com um espetáculo de louvor.

Às 23h, os irmãos Chitãozinho & Xororó assumiram o comando das festividades. . A prefeitura optou por fogos, em espetáculo de cores de dez minutos, com o menor estampido possível, “com o objetivo de proteger animais e pessoas com hipersensibilidade auditiva”.

O palco da virada, localizado entre as ruas Haddock Lobo e Bela Cintra, conta com cenografia especial inspirada em símbolos da cidade. A principal referência visual é a Estação da Luz, um dos marcos da capital, com mais de 120 anos de história. A Catedral da Sé e a Ponte Estaiada, outros cartões-postais, também foram referências visuais centrais para a cenografia.

Vieram para o réveillon da Paulista amigos, casais apaixonados e famílias com crianças. Raika completou um ano de idade há dois dias e veio passar sua primeira virada na Paulista ao lado da mãe, Erika Aparecida, de 23 anos, do pai, Jonathas Davi, de 21, e da avó, Adalisa Silva, de 39. Os quatro chegaram pouco antes das 18h, depois de passarem uma hora e meia no trem e metrô. Eles vieram do Jaraguá, na Zona Norte, onde o casal mora.

— É nossa primeira vez na Paulista. Somos muito fãs do Zezé. Como estamos com a bebê, não vamos estender muito, mas já valeu demais vir até aqui — diz Erika, que segura a filha no colo enquanto canta os sucessos do cantor.

Dona Adalisa veio de Icó, no Ceará, para passar o ano-novo em família. E aproveitou para rsicar da lista um sonho antigo: conhecer a Paulista.

— Hoje consegui realizar meu desejo! E está tudo muito lindo aqui— disse.

O técnico de enfermagem Elias de Andrade escolheu o réveillon para apresentar a icônica Avenida Paulista à namorada, Henriza Lopes, de 23, com quem está junto há dois meses. Ele mora em Guarulhos (SP) e ela em Taquaritinga (SP), a 340 quilômetros da capital paulista. Apaixonados por música eletrônica, eles esperavam ansiosos por cada apresentação da DJ Cranmarry, que toca nos intervalos dos shows. Elias conta que também curtiu, especialmente, a iluminação do palco, todo trabalhado em tons de azul, verde e rosa.

O casal ambiciona “tirar vários sonhos do papel” em 2024. Henrinza, que é auxiliar de produção, quer comprar uma casa e vir morar com o namorado em São Paulo, onde, aposta, terá mais oportunidades de trabalho e estudo. Ele não se fez de rogado:

— Falei para ela que ela vai casar comigo e nunca mais ficará solteira — brinca Elias.

O entorno da Paulista estava cercado por policiais, guardas municipais e de trânsito. Todos que acessam a avenida passam, antes, por uma revista cautelosa, mas ágil. O acesso por determinadas ruas, porém, estava fechado, o que obrigou algumas pessoas a enfrentar uma caminhada maior antes de chegar à avenida. Foi o caso da administradora Jéssica Duarte, de 27 anos, que precisou andar, conta, por trinta minutos, até chegar à altura do Masp. Ela queria assistir ao show da cantora Claudia Leitte, a partir das 21h.

— Sou de São Luís, moro em São Paulo há sete anos, mas sempre passei o réveillon trabalhando, é a primeira vez que pude vir à Paulista— conta a moradora da Bela Vista, na região Central.

Ela só torceu o nariz para a concentração de policias no entorno do evento, mas bem menos onde o público se concentra.

— Aqui no meio da avenida, como não tem tanto policial, fico insegura de pegar o celular, por exemplo — diz, lembrando que o namorado foi assaltado na região na semana passada.

Um dos mais tradicionais réveillons do país, esse ano a Paulista teve a segurança reforçada, com 1,6 mil policiais militares nas ruas, drones e o helicóptero águia da corporação. Todos que entraram na avenida passaram por uma revista que não durou mais que 10 minutos. A prefeitura mobilizou 630 policiais com 46 viaturas do Comando de Policiamento de Área Metropolitano 1 (CPA/M), do Batalhão de Ações Especiais (Baep) e do policiamento motorizado da capital. Também fizeram parte do efetivo 350 guardas municipais e cerca de 700 seguranças privados.

O transporte público também teve esquema especial. As estações Paraíso, Brigadeiro e Trianon-Masp ficarão abertas para embarque e desembarque durante toda a madrugada. As demais estações do Metrô — das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata — permanecerão abertas para embarque e desembarque até as 2h da manhã. Depois deste horário, continuam funcionando na manhã desta segunda-feira, mas apenas para desembarque dos passageiros.