A sonda Voyager 1, da NASA, passou por alguns problemas nos últimos anos. Apesar de a missão já ter quase 50 anos e estar perto de se aposentar, continua tendo um papel-chave no estudo do Espaço interestelar e recebeu correção importante por parte da agência espacial estadunidense.
A NASA anunciou na terça-feira (10) que trocou, com sucesso, os propulsores entupidos na nave a uma distância de mais de 24 bilhões de quilômetros.
Sonda Voyager 1 é (muito) antiga e precisou de reparos
Para ser mais exato, a sonda Voyager 1 está a 24,63 bilhões de quilômetros de distância, já tendo viajado mais do que qualquer outro objeto. Ela e a Voyager 2 são as únicas a coletar amostras diretamente do Espaço interestelar, região além da heliosfera – bolha protetora de campos magnéticos e vento solar criada pelo Sol.
No entanto, como a nave foi lançada em 1977, seus sistemas são antigos. A gerente do projeto, Suzanne Dodd, deu dimensão do problema à NPR: “O botão que apertamos para abrir a porta do carro tem mais poder de computação do que as sondas Voyager. Ou seja, é notável que a Voyager 1 ainda esteja voando.”
Ao longo do tempo, porém, houve imprevistos. Eles começaram a se intensificar nos últimos anos, incluindo uma situação em que a sonda apenas enviava padrões repetidos de números 1 e 0 (ao invés de dados científicos, como deveria acontecer). O problema estava na memória e foi corrigido.
Relembre trajetória dos propulsores da sonda
A questão dos propulsores começou em 2002, quando o primeiro deles deu sinais de entupimento. A NASA rapidamente trocou para um segundo propulsor (são três, dois para propulsão e um para correção de trajetória).
Esse segundo, no entanto, começou a dar sinais de entupimento em 2018. Sem realizar nenhuma manobra, a NASA mudou para o propulsor de correção de trajetória, que apenas libera pequenas e curtas baforadas de gás para ajustar a nave e apontá-la em direção à Terra.
Isso precisa acontecer cerca de 40 vezes por dia (ou seja, é bom que o propulsor funcione corretamente). O problema é que, nos últimos meses, ele também apresentou obstruções (ainda piores do que as duas anteriores). Não havia mais para onde correr e a NASA teve que planejar uma troca de volta dos propulsores. Mas imagine isso a mais de 24 bilhões de quilômetros de distância.
Em declaração, a agência espacial estadunidense explicou a situação que levou à troca:
Após 47 anos, um tubo de combustível dentro dos propulsores ficou obstruído com dióxido de silício, subproduto que aparece com a idade de um diafragma de borracha no tanque de combustível da espaçonave. O entupimento reduz a eficiência com que os propulsores podem gerar força.
NASA, em comunicado
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Troca foi desafiadora, mas deu certo
A troca foi um desafio para a NASA – e não só pela distância:
- Como explicou o IFLScience, para conservar energia, mas manter os instrumentos fundamentais funcionando, a agência teve que desligar vários outros componentes, incluindo aquecedores;
- Porém, se os propulsores são ligados quando estão frios, correm risco de quebrar. A NASA teve que aquecê-los antes, mas a falta de energia também foi um problema, já que o sistema movido a plutônio que alimenta a nave está acabando;
- Então, o processo envolveu desligar um dos aquecedores principais para ligar o aquecedor do propulsor. Em 27 de agosto, eles fizeram isso por uma hora antes de dispará-lo;
- Apesar dos desafios, a troca foi um sucesso. A Voyager 1 continua apontando para a Terra e fazendo seu trabalho, mas a missão deve acabar nos próximos anos.