Nosso Lar 2 – Os Mensageiros estreia nesta quinta-feira (25) dentro de um cenário promissor da produção audiovisual nacional, que vem mostrando, nos últimos meses, fôlego para números respeitáveis de bilheteria no pós-pandemia. O maior exemplo é a comédia Minha Irmã e Eu, que estreou no fim de dezembro e não levou nem um mês para atrair mais de 1 milhão de espectadores aos cinemas. Além disso, as cinebiografias Mamonas Assassinas: O Filme e Nosso Sonho despertaram o interesse do grande público e foram vistas na tela grande por, respectivamente, mais de 800 mil e 400 mil pessoas.
Outro ponto a favor de uma boa carreira no circuito comercial do filme de temática espírita é seu histórico positivo junto ao público: o original, também escrito e dirigido por Wagner de Assis e lançado em 2010, vendeu, na época, mais de 4 milhões de ingressos. Assim como o primeiro título da franquia, Nosso Lar 2 é uma adaptação de uma publicação psicografada por Chico Xavier.
“Cinema se conquista. As pessoas só vão às salas de cinema para ver boas histórias”, diz Assis, em conversa com o Omelete. “O livro está completando 80 anos, está mais do que comprovado que é um conteúdo consagrado. Se a gente tiver feito nossa parte, o resto se constrói. A expectativa [de público para a continuação] é a melhor, mas é bom ser surpreendido também”.
Por sua vez, Edson Celulari, que dá vida ao mensageiro Aniceto, um dos personagens principais do longa, vê o atual momento do cinema brasileiro com cautela, mas é otimista.
“Se formos comparar o primeiro com o segundo filme, a realidade do público brasileiro nas salas era outra. No pós-pandemia, o cinema vive uma crise, mas há uma reação agora, com as comédias e tudo mais. Acho que o nosso filme tem muito a oferecer e trazer o espectador para ter essa experiência cinematográfica e espiritual também. Porque o tema é maior que a doutrina espírita, com lindas histórias. Fiquei muito orgulhoso de ter participado do projeto”, afirma o ator.
Para Celulari, que já havia interpretado um espírito antes – o de Vadinho na minissérie Dona Flor e Seus Dois Maridos, produzida pela Globo em 1998 -, foi ainda mais difícil dar corpo ao mensageiro, a quem define como um “personagem feito de amor”.
“Não é fácil construir alguém dessa dimensão, com uma capacidade de amar, entender e perdoar imensas. Fui buscar no outro a dimensão humana. E é isso que conta, no fim: a família, aquelas situações ali, as pessoas precisando de evolução. Os mensageiros vão para lá colaborar nisso”, explica.
No filme, Fernanda Rodrigues interpreta Isis, uma frequentadora do centro liderado por Isidoro (Mouhamed Harfouch) que se envolve com o golpista Otávio (Felipe de Carolis). Ela também tem outra obra ligada ao espiritismo no currículo (a novela A Viagem, exibida na Globo em 1994) e compara as duas experiências.
“Em A Viagem, eu era muito nova, tinha 14 anos. Não tinha nem entendimento dessa mensagem, só fui entender esse fenômeno depois. Já a Isis tem muitas camadas”, conta. “Foi muito desafiador como atriz viver uma mulher que é retratada em tantas épocas diferentes, em momentos da vida diferentes, e depois da vida também. Fiquei muito emocionada quando assisti ao filme, fiquei reflexiva depois, querendo falar com as pessoas sobre ele”.
Mais filmes?
Assis adquiriu os direitos de adaptação da série A Vida no Mundo Espiritual em 2005, junto à Federação Espírita Brasileira. O diretor conta que, desde então, sabia que Os Mensageiros seria o próximo volume a integrar a franquia cinematográfica, mas não o último.
“A gente quer e vai fazer outros filmes”, promete ele, que diz ter se esforçado para dar uma cara mais dinâmica e moderna ao longa 14 anos depois. “Em cinema, nada é fácil, rápido nem barato. O efeito visual vem para ajudar, e temos consciência de que não temos todos os recursos disponíveis, como um filme de Hollywood. Precisamos fazer escolhas que ajudem a contar uma boa história na tela.“
Nosso Lar 2 – Os Mensageiros está em cartaz nos cinemas brasileiros.