O épico Oppenheimer, vencedor do Oscar de melhor filme em 2024, enfim estreou no Japão, na sexta-feira (29). O lançamento ocorreu oito meses após uma campanha de marketing controversa e preocupações sobre como seu enredo seria recebido no único país sobre o qual a criação de Oppenheimer foi jogada, matando mais de 200 mil pessoas.

Para quem tem pressa:

  • Oppenheimer, vencedor do Oscar de melhor filme em 2024, enfim estreou no Japão, na sexta-feira (29) – oito meses após sua campanha de marketing global. A demora para estrear no Japão ocorreu devido a preocupações sobre a recepção do enredo no país, o único sobre o qual a criação do físico estadunidense J. Robert Oppenheimer foi jogada;
  • Residentes de Hiroshima expressaram sentimentos mistos sobre assistir ao filme no cinema, em entrevistas à Reuters. Eles reconheceram o mérito cinematográfico do longa, dirigido por Christopher Nolan. Mas questionaram a representação do desenvolvimento da bomba atômica;
  • Espectadores japoneses, incluindo uma sobrevivente da bomba atômica, tiveram reações variadas. Alguns encararam Oppenheimer como uma oportunidade para reacender discussões sobre armas nucleares e refletir sobre as figuras históricas envolvidas.

O filme, dirigido por Christopher Nolan (que também levou o Oscar de melhor direção neste ano), arrecadou quase US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 5 bilhões) globalmente. Mas o Japão tinha sido deixado de fora das exibições mundiais até agora, mesmo sendo um grande mercado para Hollywood.

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Estreia de Oppenheimer no Japão

(Imagem: Reprodução/YouTube)

“Claro que este é um filme incrível que merece ganhar o Oscar”, disse Kawai, 37 anos, morador de Hiroshima, que deu apenas seu sobrenome em entrevista à agência de notícias Reuters. “Mas o filme também retrata a bomba atômica de uma forma que parece elogiá-la, e, como uma pessoa com raízes em Hiroshima, achei difícil assistir.”

Contexto: Hiroshima foi uma das cidades japonesas devastadas pela bomba atômica, desenvolvida pelo físico estadunidense J. Robert Oppenheimer – no filme, interpretado por Cillian Murphy (Peak Blinders) – no final da Segunda Guerra Mundial. Os EUA lançaram bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945.

  • 6 de agosto de 1945: A bomba atômica “Little Boy” foi lançada sobre Hiroshima, matando cerca de 80 mil pessoas instantaneamente e outras 60 mil posteriormente devido à radiação;
  • 9 de agosto de 1945: A bomba atômica “Fat Man” foi lançada sobre Nagasaki, matando cerca de 40 mil pessoas instantaneamente e outras 40 mil posteriormente devido à radiação.

Imagens nas redes sociais mostraram placas colocadas nas entradas de alguns cinemas em Tóquio, advertindo que o filme continha imagens de testes nucleares que poderiam evocar os danos causados pelas bombas.

Outras perspectivas sobre o filme

Cena de Oppenheimer com Albert Einstein, interpretado por Tom Conti
(Imagem: Reprodução/YouTube)

Grande fã dos filmes de Nolan, Kawai, um funcionário público, assistiu Oppenheimer no dia da estreia num cinema que fica a apenas um quilômetro do Domo da Bomba Atômica da cidade. “Não tenho certeza de que este é um filme que o povo japonês deve fazer um esforço especial para assistir”, acrescentou.

Outro residente de Hiroshima, Agemi Kanegae, teve sentimentos mistos ao assistir ao filme. “O filme valeu muito a pena assistir”, disse o aposentado de 65 anos. “Mas me senti muito desconfortável com algumas cenas, como o julgamento de Oppenheimer nos Estados Unidos no final.”

Em entrevista à Reuters antes da estreia do filme, a sobrevivente da bomba atômica Teruko Yahata disse que estava ansiosa para assistí-lo, na esperança de que reacendesse o debate sobre armas nucleares. Yahata, agora com 86 anos, disse que sentiu certa empatia pelo físico por trás da bomba. Esse sentimento foi ecoado por Rishu Kanemoto, um estudante de 19 anos, que assistiu ao filme na sexta.

“Hiroshima e Nagasaki, onde as bombas atômicas foram lançadas, são certamente as vítimas”, disse Kanemoto. “Mas acho que, embora o inventor seja um dos perpetradores, ele também é vítima, envolvido na guerra”, acrescentou, referindo-se a Oppenheimer.



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