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Origem de efeito colateral do tratamento de Parkinson é identificada no cérebro

Alguns dos tratamentos comuns da doença de Parkinson, uma condição que afeta a capacidade dos indivíduos de controlarem seus próprios movimentos, podem causar efeitos colaterais indesejados ligados a comportamentos compulsivos.

Um novo experimento com camundongos, conduzido pela Fujita Health University, no Japão, identificou uma parte do cérebro onde essas reações podem ser desencadeadas. A descoberta abre caminho para controlar os efeitos adversos sem interromper o tratamento.

Detalhes do estudo foram publicados na revista International Journal of Molecular Sciences.

Quais são os efeitos colaterais do tratamento de Parkinson?

A causa mais conhecida do Parkinson é a redução do neurotransmissor dopamina no cérebro. Embora conhecida como “hormônio da felicidade”, a ela também é responsável por levar os “comandos” do cérebro para o restante do corpo.

O pramipexol é um medicamento que imita esse neurotransmissor. Ele é usado para repor sua falta e, assim, controlar os sintomas da doença. No entanto, ao longo do tratamento, algo pode não sair como o esperado, e o paciente pode começar a apresentar comportamentos compulsivos, como comer ou comprar em excesso, ou até desenvolver vícios em apostas.

O Pramipexol, fabricado pela MYLAN, é utilizada para o tratamento da doença de Parkinson e da Síndrome das Pernas Inquietas (SPI) – Imagem: Shutterstock/Photo Nature Travel

Até o momento, existem apenas teorias sobre por que isso acontece. Muito provavelmente está relacionado a uma desregulação da dopamina. A certeza ainda está distante, mas agora os cientistas ao menos identificaram a possível origem do problema.

Uma parte do cérebro pode desencadear os efeitos colaterais

  • Em um novo experimento, os pesquisadores observaram os efeitos colaterais do pramipexol em ratos de laboratório.
  • Após o tratamento, os animais começaram a fazer escolhas de alto risco e recompensa, semelhante ao comportamento compulsivo humano.
  • Nesses ratos, uma parte do sistema nervoso chamada de globo pálido externo, que atua na regulação de movimentos, estava anormalmente ativa.
  • Quando essa região do cérebro foi “desligada” usando uma substância apropriada, os efeitos colaterais foram reduzidos significativamente.
  • Ou seja, algo nessa parte do cérebro dos ratos realmente não estava funcionando como deveria, provocando reações adversas.
Mapeamento do cérebro de ratos tratados com pramipexol – Imagem: International Journal of Molecular Sciences.

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Cientistas acreditam que será possível reverter os efeitos

Em outras pesquisas, a estimulação cerebral do globo pálido externo já foi bem-sucedida no tratamento do Parkinson. Por isso, a equipe de pesquisa acredita que será possível agir nessa região para ajudar a reduzir os efeitos colaterais do pramipexol.

Embora as descobertas ainda sejam recentes e não se saiba exatamente o que provoca a alteração, entender onde o cérebro está falhando é um passo importante. Essas descobertas podem melhorar os tratamentos, retardar a progressão da doença e trazer benefícios para pacientes e cuidadores.

“Nossas descobertas podem levar ao desenvolvimento de novos medicamentos ou intervenções que tenham como alvo específico o globo pálido externo. Isso ajudaria a prevenir ou reduzir deficiências na tomada de decisões em pacientes com doença de Parkinson”

Hisayoshi Kubota, neurocientista e autor do estudo, em comunicado da Fujita Health University.