Semanas antes do desembarque da seleção brasileira em Curitiba, o jornalista paranaense Osires Nadal, de 79 anos, recebeu uma ligação do assessor de imprensa da CBF. “Agora vamos fazer justiça por você. O Paraná vai abraçar literalmente o Brasil”, disse Rodrigo Paiva ao experiente repórter.
Dono do famoso bordão “O Paraná te abraça”, Osires é figura mais do que conhecida quando o assunto é seleção. Na cobertura, o jornalista viu de perto momentos icônicos do futebol brasileiro e mundial, como a conquista da Copa de 1970 e o penta em 2002.
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Como imprensa, esteve em 12 edições da Copa do Mundo e só não conseguiu acompanhar o Tetra, em 1994, e a edição da Argentina, em 1978. O bordão, no entanto, só veio em 2014, quando, na euforia, conta ele, abriu a pergunta ao técnico da amarelinha, na época, Luiz Felipe Scolari, com “Felipão, o Paraná te abraça”.
“Eu precisava fazer uma pergunta, era coordenador na Rede Manchete, na época. E nesse vai e vem, da coletiva de imprensa, eu pedi minha vez para fazer a pergunta e a moça que segurava o microfone não me deu bola”, relembra, em entrevista ao UmDois Esportes.
“Então corri atrás dela e consegui o microfone. Naquela euforia eu larguei: ‘Felipão, o Paraná te abraça’. E aí veio correndo atrás de mim o Carlos Cereto, que era do Sportv, e falou ‘nunca mais deixe de falar esse bordão’. Eu pensei que ele estava louco, mas o bordão ficou. E se eu não falo, o pessoal pergunta. Então ficou essa marca”, completa, bem humorado.
CBF ligou para Osires: “Paraná vai abraçar o Brasil”
O icônico jornalista recebeu uma ligação da CBF semanas antes da seleção desembarcar em Curitiba. Agora, seria a vez do Paraná abraçar o Brasil de uma vez por todas e abrigar a delegação antes, durante e depois da partida contra o Equador, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.
“Eu recebi há uns quinze ou 20 dias um telefonema do Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF. Ele me disse: ‘Agora vamos fazer uma justiça por você. O Paraná vai abraçar literalmente o Brasil”, conta.
Natural de Ponta Grossa, Osires se vê feliz a cada vez que pode acompanhar a equipe nacional no estado onde nasceu. Em 2003, última vinda da canarinha à capital paranaense, no jogo contra o Uruguai, ele também estava lá, claro. Agora, vê a nova geração jogar e ser idolatrada pelos conterrâneos.
“O jogo em si foi bom, um 3 a 3 bem disputado, e a seleção inciiava uma preparação que acabou não dando o resultado desejado. Mas foi um momento importante para que o povo paranaense observasse a seleção. E a volta hoje aqui é muito significativa, porque é uma geração diferenciada, uma geração nova, que não viveu lá atrás, como muitos torcedores viveram”, opina.
“A presença do Brasil é importante porque estamos brigando pela classificação no Mundial de 2026, precisamos vencer para melhorar”, completa.
E também entre aspas para recuperar o prestígio da seleção brasileira que, pela ausência de resultados, caiu bastante
A cada encontro com a seleção, ele recebe uma missão que vai além de reportar os confrontos: pedir autógrafos dos jogadores. Segundo ele, só nesta Data Fifa de setembro, já foram mais de 20 conhecidos que pediram o complicado favor.
“Eu acompanho a seleção já há muito tempo. A grande vantagem que a gente tem é a amizade, eu não nego favor para ninguém. Para você ter ideia, eu já tenho mais de 20 pedidos de assinatura de camisa de crianças. Aí não dá [risos]. Um me entregou a camisa do Real Madrid e pediu o autógrafo dos quatro jogadores de lá. Como vou conseguir isso?”, se diverte.
Dorival precisa de crédito, desde que “não faça besteira”, opina
Com a experiência de quem viu duas conquistas do Brasil na Copa do Mundo, Osires opinou sobre o início de ciclo de Dorival Júnior na seleção brasileira. A equipe precisa mostrar resultados para subir na tabela de classificação. Atualmente, ocupa a última vaga que classifica sem a necessidade de repescagem.
“Estamos vivendo um novo período, um novo ciclo. Nós perdemos alguns talentos.Não temos Neymar, tem uma série de jogadores que estão na Europa. Então o que temos que dar é uma linha de crédito para o Dorival Júnior, desde que ele não faça muita besteira, nessa composição de novos talentos do Brasil”, opina o jornalista.
Ele também aproveita para dar seus palpites sobre a formação e corneta o meio de campo formado por João Gomes, Bruno Guimarães e Lucas Paquetá.
“Nós hoje temos um problema no meio de campo, que é ruim. Com João Gomes, Bruno Guimarães e Paquetá, eu acho até que os três não jogam amanhã, jogam dois só deles.Vai jogar com dois volantes, é a minha impressão”, projeta.
“Nós temos esse menino Estêvão, 17 anos. Ele vai em busca de uma oportunidade. Ele ganhou um pirulito, ganhou o doce que ele queria, assim como o Luiz Henrique. Temos que ter confiança, temos que apostar. Uma hora vai dar certo, quem sabe seja nesta Copa”, afirma.