Abandonado há 17 anos, o Estádio Pinheirão, palco da última partida da seleção brasileira no estado, em 2003, está na mira do Governo do Paraná.
O empresário João Destro, que arrematou o estádio por R$ 57,5 milhões em 2012, já foi contatado pelo secretário estadual de Esportes, Helio Renato Wirbiski. A informação foi apurada com exclusividade pelo UmDois Esportes.
O projeto que envolve o terreno de 124 mil metros quadrados onde está localizado o estádio, no bairro Tarumã, está sendo finalizado com a análise da Procuradoria-Geral do Estado. Antes disso, o Pinheirão também foi tema de trabalho da Secretaria do Planejamento.
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O assunto é considerado delicado, tratado a sete chaves, e a ideia é fazer mais do que um centro esportivo. Vale lembrar que o governador Ratinho Junior está no segundo mandato e tem como ideia ampliar o turismo de negócios. Uma ideia avaliada é fazer um centro de convenções no local do estádio.
Em nota, o governo estadual afirma que “vai aguardar toda a análise jurídica do projeto antes de se manifestar para evitar qualquer tipo de especulação imobiliária“.
Contudo, se depender do atual dono do estádio, o novo projeto para o local pode se tornar viável.
“Depende de uma boa conversa”, disse João Destro ao UmDois Esportes.
Uma das opções analisadas juridicamente é a desapropriação. Com essa ferramenta, o Estado ajuíza uma ação, deposita o valor do imóvel e o proprietário pode, então, concordar ou recorrer da avaliação. No entanto, a Justiça já concede a posse do imóvel ao Estado e o valor final a ser pago acaba definido judicialmente.
Pinheirão é remediado pelo dono, que gasta mais em manutenção do que desembolsou na compra
Palco da última partida da seleção brasileira em Curitiba, no empate por 3 a 3 com o Uruguai, há 21 anos, o estádio tem os serviços de manutenção em dia, apesar do péssimo estado.
“É um estádio de futebol, mas não está em condições de uso. A arquibancada está toda comprometida e às vezes temos que fazer intervenção. Fizemos na cobertura da arquibancada, que estava caindo. Agora pretendemos fazer um alambrado novo. Enquanto não tem definição, vamos remediando”, conta o empresário João Destro, dono da empresa JD Agricultura e Participações Sociais Ltda.
Destro desembolsou R$ 57,5 milhões, em junho de 2012, para arrematar o Pinheirão. O estádio foi leiloado para quitar uma dívida de R$ 22 milhões da Federação Paranaense de Futebol com o IPTU, imposto referente à prefeitura de Curitiba, e o INSS, do governo federal.
Em 2024, o valor para manter o estádio é superior ao pago para vencer o leilão. Em 2018, Destro disse, em entrevista para a Gazeta do Povo, que os gastos com IPTU, segurança e limpeza, chegam a R$ 6 milhões.
Questionado sobre os valores atuais, o empresário disse que atualmente “continua mais ou menos a mesma coisa”. Ou seja, Destro já superou a marca dos R$ 60 milhões para a manutenção do elefante branco.
Estádio foi idealizado como “Maracanã de Curitiba”, mas virou fantasma da cidade
O projeto foi idealizado por José Milani, presidente da Federação Paranaense de Futebol na década de 60, que imaginava ter um “Maracanã” de Curitiba.
Contudo, o Pinheirão foi inaugurado no dia 16 de junho de 1985 com um jogo da Seleção do Paraná, que era uma mistura entre atletas do Athletico e do Coritiba. O time, no entanto, perdeu por 2 a 1 para a Seleção de Santa Catarina. Depois, o evento ainda contou com show da cantora Fafá de Belém.
O pontapé inicial da partida foi de Onaireves Moura, que foi presidente da Federação Paranaense de Futebol entre 1985 e 2007 e está preso desde 2022 após ter sido considerado foragido três anos antes. Ele foi condenado a 22 anos e quatro meses de prisão por apropriação indébita, estelionato e formação de quadrilha ou bando.
Além disso, Onaireves ainda foi eleito como deputado federal na década de 90, mas foi cassado por aliciar outros parlamentares.
Em períodos distintos, o estádio já serviu como “casa” de Athletico e Paraná Clube, mas também abrigou jogos do Coritiba. Já o último ato do estádio de futebol é melancólico. Em 2007, o Pinheirão foi lacrado pela Justiça e teve, como último jogo, a derrota do extinto J. Malucelli para o Cianorte, por 2 a 1, na última rodada da primeira fase do Campeonato Paranaense.