A infertilidade é um problema de saúde que afeta um em cada seis casais no mundo, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS). O assunto será tratado no remake da novela Renascer, que estreia em 22 de janeiro, trinta anos depois da versão original. Na trama, José Augusto (papel interpretado por Marco Ricca na primeira versão e agora por Renan Monteiro), filho de José Inocêncio, descobre que não pode ter filhos.
A infertilidade é uma doença do sistema reprodutor definida pela incapacidade de engravidar após 12 meses ou mais de relações sexuais regulares desprotegidas. Ela pode ser causada por vários fatores, tanto em homens quanto em mulheres.
Infertilidade feminina: o papel dos hormônios, das infecções e da idade
Entre as causas mais frequentes de infertilidade em mulheres, as disfunções hormonais assumem um papel de destaque. Hipotiroidismo, síndrome do ovário policístico (SOP) e doenças da hipófise, responsável pela produção do hormônio prolactina, são alguns dos fatores que podem afetar o processo de ovulação.
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A SOP, em especial, é uma condição comum na qual a pessoa não menstrua todo mês, prejudicando a chance de concepção. “O normal é uma mulher ovular em torno de dez vezes por ano. Na síndrome de ovário policístico, ela vai ovular de duas a quatro vezes em doze meses”, diz Marise Samama, fundadora da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR). A SOP tem raízes genéticas ou associadas a fatores como diabetes gestacional, obesidade ou resistência à insulina.
Infecções sexualmente transmitidas (ISTs) — como clamídia, tricomoníase e gonorreia — também despontam como empecilhos para a concepção. De acordo com Samama, as infecções ginecológicas, que incluem as ISTs, representam 40% das causas femininas de infertilidade. Essas doenças podem afetar a tuba uterina, local onde ocorre a fecundação do embrião.
Quando a tuba está doente, não consegue transportar o óvulo para encontrar o espermatozóide e, depois, não consegue carregar o embrião para dentro do útero. As infecções também podem inflamar o útero, o que nós chamamos de endometrite, e atrapalhar o muco responsável pela subida dos espermatozoides (à tuba)
— Marise Samama
O avanço da idade, embora não seja uma doença, também atrapalha a fertilidade. “Por volta dos 33 anos, a quantidade e qualidade dos óvulos começa a diminuir, aumentando os desafios para engravidar. Cerca de 60% das mulheres que buscam a nossa ajuda (para engravidar) têm mais de 37 anos”, diz a ginecologista.
Endometriose e estilo de vida como vilões da concepção e da gestação
A endometriose, que afeta uma em cada dez mulheres, é outra causa significativa de infertilidade. Essa condição, caracterizada pelo crescimento de tecido endometrial fora do útero, pode levar à formação de cistos, chamados endometriomas, e causar danos nas tubas uterinas, impactando a reserva ovariana.
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Além disso, o estilo de vida também entra em cena. “O sedentarismo, o tabagismo e a obesidade são fatores modificáveis que podem afetar a fertilidade feminina”, aponta a médica. Causas imunológicas, que envolvem o reconhecimento do embrião pelo sistema imunológico, também desempenham um papel importante no sucesso de uma concepção.
Infertilidade masculina: varicocele e idade
No universo masculino, a idade avançada, acima dos 40 anos, pode impactar a qualidade do sêmen e aumentar o risco de deformidades no feto, segundo Samama. Doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, também podem prejudicar a função testicular, afetando a fertilidade masculina.
A varicocele, caracterizada por varizes no testículo, é outra causa significativa de infertilidade masculina. A ginecologista destaca que obstruções dos ductos ejaculatórios, o canal por onde passa o sêmen, também são fatores a considerar. Essas obstruções podem surgir devido a vasectomias, processos infecciosos ou mesmo condições genéticas.
Outros aspectos, como o uso de substâncias como anabolizantes e de finasterida, um remédio para calvície, além das infecções sexualmente transmissíveis, podem afetar a qualidade do sêmen. O estilo de vida, incluindo obesidade, consumo de álcool, drogas e até mesmo o cigarro eletrônico, também é apontado pela como um fator relevante.
Samama destaca uma descoberta recente: a presença do vírus HPV no sêmen, que pode alterar a qualidade dos espermatozoides e aumentar o risco de infertilidade e aborto. “Considerando que cerca de 50% da população tem o vírus, trata-se de uma questão de saúde pública a ser abordada”, afirma ela.