O que fazer quando um jogo não conta para nada, mas é obrigatório? Definir objectivos e tentar cumpri-los. Foi assim que o Sporting encarou o jogo de despedida da fase de grupos da Liga Europa, esta quinta-feira, em Alvalade, frente ao Sturm Graz. Sem poder subir ou descer no Grupo D, já com a continuidade europeia garantida por via de um play-off com um repescado da Champions, os “leões” bateram por 3-0 o vice-líder do campeonato austríaco e com uma versão alternativa, fazendo deste jogo uma espécie de aquecimento antes do bem mais importante clássico de segunda-feira com o FC Porto, em que se discute a liderança do campeonato.
Um dos mantras de Amorim é o “jogo a jogo”, mas é mais do que evidente que o técnico dos “leões” já estava a pensar no jogo de segunda-feira com o FC Porto. Do “onze” que apresentara em Guimarães, sobraram quatro (Matheus, Coates, Hjulmand e Gyökeres), distribuindo os restantes lugares por quem tem menos minutos nas pernas. Afinal, este era, quando muito, um treino mais exigente e bem pago – a UEFA paga 630 mil euros por vitória na fase de grupos da Liga Europa. Ao contrário do Sporting, o Sturm Graz poderia ter algo a perder neste jogo e, por isso, avançou com uma equipa perto do que costuma apresentar na Liga austríaca.
Ainda havia gente a sentar-se nas cadeiras (agora) verdes de Alvalade quando o Sporting quase celebrou o golo. Nem um minuto tinha passado e já Nuno Santos, como que para assinalar a sua condição de finalista do prémio de golo do ano da FIFA, estava a acelerar em direcção à área lançado por Daniel Bragança. Chegou à zona de tiro, disparou e obrigou o gigante holandês Kjell Scherpen (2,02m) a uma excelente defesa.
Estava dado o mote para um jogo incrível e intenso? Não. Foi a excepção durante quase 40 minutos francamente aborrecidos, sem grandes oportunidades de golo de nenhum dos lados.
Da parte austríaca, o melhor que se viu foi um cabeceamento de Lavalée aos 24’ para uma defesa mais espectacular que difícil de Franco Israel. E o Sporting só voltou a aparecer no jogo aos 38’, quando Francisco Trincão tentou a sua melhor imitação de Maradona, fintando três jogadores do Sturm Graz, antes de chegar à pequena área e ficar sem ela.
Depois do tédio, seguiram-se mais três minutos intensos por parte do Sporting e que deixaram marca no jogo. Aos 39’, Matheus (que estava como central) avançou pela esquerda, deixou um adversário para trás e fez o cruzamento perfeito para Viktor Gyökeres. O sueco fez um dos golos mais fáceis desde que chegou a Alvalade, o seu terceiro na Liga Europa e o 16.º da época ao 19.º jogo. E, logo a seguir, podia ter marcado o 17.º, mas o seu cabeceamento, após cruzamento de Paulinho, foi tão colocado que a bola acertou no poste – e Bragança falhou a recarga.
Vantagem mínima ao intervalo mais do que justa para uma versão meio alternativa do Sporting perante um Sturm Graz mais completo. Para a segunda parte, Amorim reforçou a dimensão de treino em competição deste jogo, mandando para o campo três dos seus titulares habituais – Inácio, Morita e Edwards entraram para os lugares de Matheus, Hjulmand e Gyökeres, todos eles, os que entraram e os que saíram, prováveis titulares no jogo de segunda-feira.
A vitória seria sempre um bónus bem-vindo para o Sporting, como garante de mais umas centenas de milhares de euros e um suplemento de moral para esse jogo importante. Isso ficou mais do que garantido aos 61’. Canto na direita por Marcus Edwards e Gonçalo Inácio, ao primeiro poste, cabeceou para o 2-0.
E ficou reforçado aos 71’, com um canto de Edwards, desta vez do lado esquerdo, a que Coates acorreu com a competência habitual. Acertou no poste e, na recarga, Inácio fez o 3-0. Alguma coisa a registar em relação ao Sturm Graz? Absolutamente nada. Praticamente não se aproximou da baliza de Israel na segunda parte e, se tivesse sofrido mais dois golos, nem à Liga Conferência ia. Foi uma segunda metade de treino menos exigente para o Sporting, por mérito próprio. E não sofreu golos, o que também é uma boa notícia para o que aí vem.