Olhos grandes e repuxados, boca com cantos que ocupam toda a área da bochecha e orelhas pontudas. A descrição até parece um personagem de filme de terror, mas é exatamente assim que pessoas com essa condição rara enxergam a face de outros humanos.
Pela primeira vez, um estudo da Dartmouth College conseguiu reproduzir a imagem desse rosto que, no mínimo, gera desconforto. O artigo com detalhes foi publicado na revista The Lancet.
O que é a prosopometamorfopsia?
A prosopometamorfopsia é uma condição que afeta uma parte do cérebro responsável por reconhecer rostos, fazendo com que o indivíduo enxergue faces humanas de forma distorcida. Apenas 75 casos desse distúrbio visual foram relatados em pesquisas, sendo que aproximadamente em metade deles os rostos são distorcidos por completo, enquanto para o resto somente uma parte da face é deformada.
Pessoas com PMO podem viver a vida inteira vendo as deformações que surgem muitas vezes repentinamente. Até o momento, reproduzir a imagem de como esses indivíduos enxergam era um desafio, já que podiam ver o próprio desenho representativo distorcido.
Foi graças a um paciente com uma variação da doença que os cientistas conseguiram enfim reproduzir a imagem do rosto “demoníaco”, como ele mesmo descreveu.
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Como foi possível descobrir a forma do rosto demoníaco?
- Um homem de 58 anos, que vivia com uma variação do PMO há quase dois anos e meio, permitiu a descoberta.
- Nesse caso em especial, o paciente podia ver rostos normalmente fora do mundo real, como desenhos em papel e telas de celulares.
- Ele descreveu o rosto de alguém no mundo físico enquanto os pesquisadores editavam uma imagem dessa pessoa em uma tela até que o paciente afirmasse que ambos se pareciam.
- Agora, qualquer pessoa comum pode ver os mesmos olhos grandes e repuxados, boca com cantos alongados e orelhas pontudas vistos por indivíduos com PMO.
Estigmatização do PMO
Frequentemente a PMO é confundida com condições psiquiátricas, como esquizofrenia, levando a diagnósticos errados e tratamento com antipsicóticos. A falta de compreensão sobre a PMO leva muitos a esconder sua dificuldade em reconhecer rostos, com medo de serem estigmatizados por problemas psiquiátricos.
Por isso, os pesquisadores buscam como esse estudo não apenas compreender melhor o distúrbio visual, mas também aumentar a conscientização sobre a condição.