Neste domingo, o motorista Oduvaldo Filho, de 61 anos, dirigia o ônibus da linha 7150, e teve queimaduras. Ele passou por cirurgia e seguia internado no começo desta tarde. Segundo a equipe médica, o motorista teve 36% do corpo queimado, respira sem ajuda de aparelhos e tem quadro de saúde estável.
A linha de Oduvaldo fazia trajeto entre o bairro Novo Riacho, em Contagem, e Belo Horizonte. Suspeitos armados abordaram o ônibus no ponto final, impediram que o motorista saísse e atearam fogo ao veículo. Até a última atualização desta notícia, nenhum envolvido havia sido preso.
Do total de ataques desde o início do ano, 16 foram em linhas gerenciadas pela Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHtrans), segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH). Os outros 20 ocorrem em linhas do transporte metropolitano, gerenciadas pelo Sintram.
Registros ocorreram também em outras cidades do estado, mas não há um dado fechado. Levantamento feito pelo G1 entre 3 e 16 de junho, quando ocorreu uma onda de ataques, contabiliza 72 coletivos queimados em Minas Gerais. À época, o governo disse que os ataques partiam de uma facção criminosa e eram motivados pela a insatisfação do grupo com o rigor adotado pelo sistema prisional.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, ocorrências de ônibus queimados em Minas Gerais são tratadas com prioridade pelas forças de segurança e há apoio da Polícia Federal (PF). O número de prisões desde junho até esta manhã era de 129 – até as 13h, não tinha sido informado quantos seguiam detidos.
“Mandantes identificados já foram retirados de circulação por prisões realizadas pelas polícias Civil e Militar nas últimas semanas. Desde o início de junho, já são 129 indivíduos presos em flagrante ou por mandado de prisão suspeitos de envolvimento em queima de ônibus”, informou a secretaria em nota.
Apesar dos números da secretaria, no entanto, o Sintram diz que “as forças de segurança pública do Estado precisam tomar providências urgentes para frear os ataques”.
A Polícia Militar informou que está fazendo buscas para prender suspeitos. A reportagem solicitou dados sobre prisões realizadas durante o ano referente ao tipo de crime, mas a corporação informou que, devido ao período eleitoral, não pode divulgar estatísticas.
Segundo o porta-voz da PM, major Flávio Santiago, a legislação para o tipo de crime precisa ser revista, pois comumente os presos retornam com facilidade às e ruas e há muitos adolescentes envolvidos. Geralmente, os casos são registrados como dano qualificado (detenção de 1 a 6 meses) e incêndio criminoso (reclusão de 3 a 6 anos).
A concessionária Transimão Transportes Rodoviários Ltda. lamentou o atentado que vitimou um de seus motoristas e informou que está prestando todo apoio e assistência à vítima e aos familiares. A empresa afirmou que as autoridades estão investigando o caso na tentativa de encontrar os responsáveis.