“A Arte do Amor” pode não ter tantos artifícios e estrelas mundialmente famosas quanto as produções norte-americanas, mas é surpreendentemente divertido. O filme de Recai Karagöz, que tem roteiro de Pelin Karamehmetoglu, narra a história da ex-curadora de artes e agora uma agente secreta da Interpol, Alin (Esra Bilgiç), que está em busca de um ladrão de quadros raros e icônicos de museus altamente seguros pela Europa. O curioso é que todas as peças que ele busca têm relação com o amor.
Esra Bilgiç é uma beldade de olhos arregalados e um charme implacável, que interpreta sua personagem com poder e magnetismo. Alin descobre, em meio às investigações, que o homem que está procurando é ninguém menos que Güney (Birkan Sokullu), seu ex-namorado. Um homem bilionário, enigmático, encantador e sofisticado, Güney havia desaparecido deixando marcas permanentes no coração de Alin. O reencontro, tempos depois, reacende antigas paixões, mas também desconfianças mútuas.
Esteticamente inspirada por James Bond, a produção turca tem ótimas sequências de ação, embora os tropos sejam desfavoravelmente clichês. Com uma trilha sonora que auxilia a dar dinamismo ao ritmo do filme, as canções embalam a belíssima fotografia de Olcay Oguz, que retrata as deslumbrantes e características arquiteturas de Istambul e Praga, com seus edifícios históricos e imponentes. O tom é claro e a imagem sem ruídos, limpa, ampliando a sensação de sofisticação.
Enquanto se divide entre uma história de amor e ação, um vilão pouco assustador, mas igualmente refinado, surge em cena: é Faysal (Firat Tanis), roubando a cena do casal escaldante por alguns minutos. O roteiro foi rechaçado pela crítica, chamado de superficial, entediante, dentre outras coisas. Mas parece ser tão difícil para os especialistas norte-americanos reconhecerem as qualidades das obras de língua não-inglesa quanto reconhecer os defeitos de seus produtos. “A Arte de Amar”, na Netflix, é uma aventura no estilo blockbuster fora dos domínios de Hollywood. É preciso ousadia e coragem, ainda mais com um orçamento tão destoante. E conseguir entregar com classe e uma protagonista forte como é a de Esra Bilgiç, é para poucos.
Além disso, a química da atriz com seu colega, Birkan Sokullu, com seu charme insolente, tempera o enredo, proporcionando um produto melhor e mais divertido do que o esperado. É claro que parece uma mistura adocicada de filmes de ação de Gal Gadot, com romances apimentados de baixa qualidade, como “365 Dias”, além de clássicos de espionagem, como “James Bond”. O material está longe de ser profundo ou original, mas entrega entretenimento suficiente para preencher sua noite.
Filme: A Arte de Amar
Direção: Recai Karagöz
Ano: 2024
Gênero: Ação/Policial/Romance
Nota: 8/10